Quantas vezes você já se ouviu dizer “sim” quando queria dizer “não” ?
A expressão “síndrome da boazinha” é utilizada para descrever um padrão comportamental em que uma pessoa tem dificuldade de estabelecer limites saudáveis, podendo priorizar as necessidades dos outros em detrimento das suas. Isso pode resultar em sentimentos de inadequação, ressentimento e frustração.
Esse padrão comportamental está relacionado com a necessidade de agradar aos outros ou de ser aprovada para, no fundo, sentir-se amada, incluída e conectada — muitas vezes, em detrimento da própria felicidade e bem-estar.
A pessoa que tem essa “síndrome” pode ter dificuldade em dizer “não”, mesmo quando isso é necessário para preservar os seus próprios interesses e limites. O objetivo — muitas vezes inconsciente — é evitar reagir à rejeição, reprovação ou agressão vindas da outra parte.
A “síndrome da boazinha” pode afetar várias áreas da vida de uma pessoa, incluindo relacionamentos pessoais, profissionais e familiares. É importante ressaltar que não se trata de uma condição médica ou diagnóstico formal, mas sim de um padrão de comportamento que pode ser modificado com apoio, consciência, paciência e perseverança.
O que isso tem a ver com a Comunicação Não Violenta (CNV), criada pelo psico Marshall Rosenberg?
A CNV nos apresenta um caminho para tomarmos consciência dos nossos sentimentos, pensamentos, das nossas emoções e necessidades e aprendermos a equilibrar as nossas necessidades com as dos outros.
Só podemos gerenciar e transformar aquilo que conhecemos. A falta de consciência das próprias necessidades mantém a pessoa presa aos seus conflitos internos e alimenta o sentimento de insatisfação.
O medo inconsciente da rejeição, de perder a relação é tão grande que a pessoa é capaz de se prejudicar para não desagradar. Esse padrão pode ser extremamente perigoso em determinados relacionamentos.
Por exemplo, pessoas que não têm valores morais, que não sentem empatia nem compaixão e que demonstram um padrão de comportamento altamente egocêntrico, dominador e abusivo (psicopatas, sociopatas e narcisistas patológicos, por exemplo) podem se aproveitar desse medo do outro de dizer “não” para manipulá-lo e obter tudo que desejam, podendo abusar e prejudicar a pessoa de forma fisica, emocional, financeira, sexual e/ou moralmente.
Para superar essa “síndrome” e estabelecer limites saudáveis, é útil buscar apoio profissional em terapias convencionais ou alternativas. Esses profissionais podem ajudar a pessoa a desenvolver habilidades de comunicação assertiva, autoestima e autocompaixão.
Além disso, é importante lembrar que não é egoísta cuidar de si mesmo e do próprio bem-estar. A receita está em buscar o equilíbrio, e, não, cair no egocentrismo. Ceder e fazer concessões são procedimentos naturais e necessários em qualquer relacionamento, mas a pessoa não deve se anular totalmente, em prol do outro.
Estabelecer limites saudáveis e aprender a dizer “não” são cruciais para uma vida equilibrada e um relacionamento saudável consigo mesmo e com os outros. Fortalecer a autenticidade e a independência emocional também pode ser uma parte importante do processo de superar a “síndrome da boazinha”.
Boa semana!