Nesta terça (11/10), saiu no DO o edital para licitação do projeto de implementação de transporte aquaviário nas lagoas da Barra e Jacarepaguá. São 16 linhas propostas em 29 pontos. A expectativa é transportar 90 mil passageiros/dia, com investimento privado de R$ 95,3 milhões, ao longo do prazo de concessão de 25 anos, como a Prefeitura tem feito em outros locais, como o Jardim de Alah, e ainda fazer com o Terreirão do Samba.
A coluna falou com o biólogo Mario Moscatelli, à frente desse ecossistema há mais de 30 anos e conhecedor profundo da região. “É uma consequência natural do processo de recuperação do sistema lagunar de Jacarepaguá, usado como latrina e depósito de lixo nos últimos 50 anos”, diz ele.
A ideia é que as linhas sejam criadas gradualmente, começando pela ligação da estação Jardim Oceânico do metrô a Rio das Pedras, seguido da Linha Amarela e canal de Marapendi; e integração de bairros e pontos de interesse, como Gardênia Azul, Muzema, Barra Shopping, Parque Olímpico, Península e condomínios residenciais e comerciais com saídas para as lagoas. A tarifa seria a mesma dos transportes públicos municipais.
“Para existir esse serviço com a segurança necessária para os usuários, bem como para o ambiente, visto que haverá embarcações de médio porte, serão necessárias algumas ações, como (01) dragagem; (02) limpeza das margens (já venho fazendo esse trabalho junto com a concessionária Iguá), porque a quantidade de lixo é gigantesca e oferece perigo para os motores, que podem parar ou ser severamente danificados; (03) medidas preventivas para coibir a poluição acidental, dar limite de velocidade, ter os motores de popa de quatro tempos e insumos para combater a poluição acidental etc. Várias cidades no mundo têm esse tipo de transporte e, desde que devidamente operado, reitero que será uma consequência natural da recuperação do conjunto de ecossistemas. Mas, para que o transporte aconteça de fato, vai depender do trabalho permanente”, avisa Mario, tranquilizando os preocupados.
“Esse é um importante passo pro transporte público da cidade. Os estudos são claros e mostram que existe uma demanda significativa nos bairros do entorno. A instalação desse novo modal também é uma alternativa para desafogar o trânsito nas avenidas das Américas e Ayrton Senna”, completa Lucas Costa, diretor de estruturação de projetos da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar).
Desde o início dos estudos, em março, foram feitas reuniões com moradores da Barra e Jacarepaguá. Em audiência pública em abril, eles apresentaram suas propostas, que foram levadas em conta na hora de formular o edital.