Nesse pula-pula de sala em sala no Festival do Rio, que vai até domingo (15/10), nessa terça (10/10), foi o dia do documentário “Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema” no Estação Botafogo. O filme, surgido de um arquivo de mais de 80 horas de gravações e narrado em primeira pessoa, e destaque no Festival de Cannes, é dirigido por Aída Marques e Ivelise Ferreira, viúva de Nelson (1928-2018). “A decisão de inscrever o doc em Cannes não foi à toa — os filmes de Nelson sempre foram muito bem recebidos por lá, e dois deles foram premiados: 1964, por ‘Vidas Secas’, e em 1984, por ‘Memórias do Cárcere’. Descobrimos verdadeiras preciosidades, como as imagens inéditas do início dos anos 60, quando Nelson era jovem, além do making of de ‘Juventude’, o primeiro filme”, diz Ivelise.
Muitos amigos do cineasta estavam na sala, com os quais ele conviveu e trabalhou, como o casal Lucy e Luiz Carlos Barreto, Walter Salles Jr., Luiz Carlos Lacerda, o Bigode e assim vai.
“Nelson engrandecia o espectador, provocava reflexão crítica e emoções verdadeiras. Se Glauber Rocha era o profeta, Nelson era o feiticeiro”, disse Barretão. “Ele está presente toda vez que se pega numa câmera no Brasil. Ele deu régua e compasso para o moderno cinema brasileiro. Não é possível falar de cinema sem o nome Nelson Pereira dos Santos”, completou Walter Salles Jr.
Antes do doc, Bigode mostrou o curta “Celebrazione, o filme”, sobre o poeta Pier Paolo Pasolini (1922-1975). O cineasta rodou toda a parte de ficção na Lapa e no Arpoador, com Zulma Mercadante vivendo Maria Callas e Erom Cordeiro como Pasolini. “Este filme é um buquê que oferto a Pasolini e ao Rio”, disse Bigode.