O corpo do engenheiro elétrico, de 42 anos, que se suicidou na tarde de domingo (03/09), se atirando do 9º andar do prédio onde morava, na Avenida Atlântica, vai ser enterrado só nesta quarta ou quinta (6 ou 7/9), à espera do irmão que mora na França.
Esse caso deixou os cariocas em choque por ser alguém muito amado na cidade. Estamos no Setembro Amarelo e, no Rio, o máximo que acontece é iluminar o Cristo vez ou outra durante o mês. Adianta?
Procurado, o RP Vinicius Belo, amigo do engenheiro, comenta: “Ele estava se recuperando de um acidente — foi atropelado em abril, no Jardim Botânico, passou por muitas cirurgias e ainda estava tomando muito remédio. Foi o que me veio à cabeça, mas jamais imaginei tal atitude”, diz.
Para especialistas, discutir o tema pode auxiliar na prevenção. Em entrevista, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva disse à coluna: “Falar sobre suicídio é um grande tabu, e acho que por ignorância. Tem uma história que aconteceu em 1774, na Europa, quando foi lançado o romance “Os sofrimentos do jovem Werther”, do alemão Johann Wolfgang Von Goethe. Depois do sucesso de vendas, houve um aumento significativo de suicídios entre os jovens que utilizavam o mesmo método do personagem do livro. A partir disso, criou-se uma lenda na imprensa de que não se podia falar sobre suicídio. Isso foi ruim porque criou um tabu, mas, na realidade, o tema foi tratado da maneira errada porque nunca haviam falado sobre isso antes e, quando o fizeram, foi com uma história triste. Então, a imprensa tem um vácuo, um grande vazio sobre o assunto. A questão não é falar sobre o tema, mas informar corretamente, para que as pessoas possam ter como prevenir e saber os motivos pelos quais isso acontece.”
A campanha Setembro Amarelo começou em 2015, via CVV (Centro de Valorização da Vida, telefone 188), o CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), portanto, há 9 anos.
Pelos dados do Anuário de Segurança Pública de 2022, no Brasil, mais ou menos 39 pessoas se suicidam por dia. Pela OMS (Organização Mundial da Saúde), são 700 mil casos por ano, no mundo.
A coluna de Marie Bèndelac, especialista em Comunicação Não Violenta, sobre o assunto.