No Dia da Árvore, esta quinta (21/09), o biólogo Mario Moscatelli explica a relação do carioca com a natureza: “A relação dos pré-cariocas e cariocas com nossas irmãs árvores é historicamente bem conflituosa. Já pilhamos o que havia de pau-brasil para levarmos a nobre madeira para a Europa. Depois derrubamos extensões gigantescas de florestas para plantar café, colhendo em seguida períodos de seca que nos obrigaram a replantá-las”, diz ele.
E continua: “Na ‘mudernidade’, em resposta à histórica falta de políticas habitacionais e ao lucro a todo custo, acabamos nas baixadas quase que praticamente com todas as restingas e manguezais, sem esquecer as supressões das matas de encosta, que, a cada enxurrada, dão o troco em forma de violentos escorregamentos assoreando rios e canais. Muitas vezes, observa-se a matança de árvores por conta de uma tal vista, seja ela qual for, pois alguns não admitem que as árvores cresçam, gerem sombra, criem condições microclimáticas amenas, estabilizem as encostas, produzam biodiversidade e bem-estar, visto que a natureza aqui está para esses ultrapassados seres humanos, exclusivamente, para nos servir e se incomodar, deve ser eliminada. Essa tem sido a história explícita de uma das cidades mais abençoadas ambientalmente do Planeta em termos de ecossistemas do bioma Mata Atlântica. No entanto, como não há mal que dure para sempre e, progressivamente, cada um de seu jeito, a cobertura vegetal vai sendo recuperada na marra. Sem dúvida, no final, as árvores vencem”.
Mario é o responsável pelo projeto de naturalização da Lagoa que vem mudando a paisagem com incremento de biodiversidade e, além das novas espécies de flora, diversas aves sumidas desde a década de 1980 voltaram a aparecer. O primeiro trecho, no Parque do Cantagalo, está em fase de finalização, a ser entregue em outubro. O projeto prevê novos 2.600 m² de espelho d’água.