Nem só de restaurantes, salões de beleza e academias de ginástica vive Ipanema; as casas de suco também são uma marca do bairro que (ainda bem) dispensa shopping center. A última novidade veio importada de Paraty, a Manuê, há dois meses na Vinicius de Moraes, entre a Prudente e a Visconde de Pirajá. A loja serve sucos de fruta natural (nada de polpa), além da versão “neve”, uma espécie de frozen, só que bem carioca: um deles mistura abacaxi, framboesa e gengibre (R$ 17). É um novo e próspero point de verão para a turma de corpo dourado, trajando apenas biquíni ou sunga a caminho do mar.
Faz sucesso ali o “dobrado”, tipo panquequinha crocante (massa fina de farinha de trigo e água), com destaque para o de muçarela com frango desfiado, cenoura e azeitona. Outro hit da casa é o açaí vindo diretamente do Pará, servido na tigela, adoçado com guaraná ou mel (a partir de R$ 13). A aposta artesanal é o milk shake, batido com o sorvete da casa, sem gordura hidrogenada, que faz toda a diferença.
As frutas, o açaí e todo o resto são processados na fábrica da marca, em Ubatuba. O cardápio traz tudo em inglês também. A trilha é alto-astral, no clima surf music + reggae + forró. Não tem garçom – atendimento, só no balcão.
Foi numa ida para Juiz de Fora, via grupo de carona, que dividi o banco de trás com o também mineiro Gustavo Brandole, gerente do ponto. Ele me contou que o nome Mauê vem de um bolo (Manuê de Bacia) famoso entre os caiçaras, feito por pessoas escravizadas em Paraty, com farinha de mandioca, melado, cravo, gengibre e especiarias. E, claro, essa iguaria entrou no cardápio (mas vem farinha de trigo na receita), inclusive no pacotinho para levar para casa (R$ 10). No café da manhã, tem expresso (R$ 6), pão na chapa (R$ 5), dentre outras opções. Para o happy hour ou pós-praia, cerveja Heineken long neck por R$ 14.
O slogan “Tudo isso é Paraty”, no fundo do balcão, revela o que não surpreende: toda a décor vem de artistas e artesãos paratienses – até a caneca estilizada, o chapéu de palha, a madeira da parede e a cachaça Coqueiro, que, reza a lenda, a mais antiga do Brasil, ainda na ativa.
Bruno Calixto é jornalista de gastronomia.