O governador Cláudio Castro pode ter frustrado os planos do prefeito Eduardo Paes ao tombar o Terreirão do Samba Nelson Sargento como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Rio, em lei publicada no DO desta quinta (28/09). O projeto é de autoria do deputado Dionísio Lins, com a justificativa de ser um “berço do samba, cuja preservação trará a segurança de que o local será eternizado para fins de atrair turistas e cidadãos interessados em cultura e entretenimento”. No entanto, em época de pré-campanha, ele é de oposição ao partido do prefeito, que pretendia, assim como fez com o edifício A Noite, no Centro, e o Jardim de Alah, no Leblon, uma licitação de concessão do local para empresas interessadas em administrar — em agosto, foi lançado um edital pela Prefeitura. Com o tombamento, não seria impossível, mas dificulta o interesse de possíveis empresas, porque fica vedada qualquer destruição, descaracterização ou mudança no local, bem como a transferência definitiva de suas atividades, exceto em caso de necessidade urgente de obras eventuais.
À época do anúncio da licitação, o pessoal do samba, com quem Paes tem laços estreitos, ficou apreensivo com alguns pontos do edital, que não garantia que o local seja utilizado apenas para o samba: “Pelo menos 60% da programação precisa ser voltada para o samba. O restante fica a critério do concessionário, podendo ser shows de quaisquer estilos, festas, congressos ou outro tipo de evento”, diz trecho do doc.
O Terreirão é patrimônio cultural do Brasil desde 2007 e é chamado pelos cariocas de “berço do samba”. A última grande reforma aconteceu em 2012, durante uma festão de Paes.