Cinco trabalhos monumentais de José Joaquim da Rocha (1737-1807), o mais importante pintor barroco brasileiro, foram doadas nesta terça (15/08), ao Museu Nacional de Belas Artes. “Este é um momento luminoso”, definiu o crítico de arte Paulo Herkenhoff, ex-diretor do MNBA. O museu não tinha trabalhos de José Joaquim e a doação só foi possível pelo Projeto de Aquisição de Obras para os Museus Brasileiros, aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale. O projeto começou na Bahia, em abril, com a aquisição de uma imagem de Nossa Senhora do Presépio, do século XVII, para o Museu Palácio da Sé, em Salvador, e essas pinturas no MNBA pertenciam originalmente à antiga Igreja de São Pedro, Freguesia de São Pedro Velho Extramuros, na capital baiana, demolida em 1913 pela “modernização da cidade” — a pinacoteca do MNBA tem um panorama singular sobre a pintura brasileira, mas até agora não tinha obras da importante Escola Baiana de Pintura.
Gilberto Gil era esperado, Flora (não temos foto), sua mulher, o representou — há exatos 20 anos, como então ministro da Cultura, ele liberou uma verba de R$ 2,55 milhões para reformas emergenciais no museu, que estava em péssima situação.
O projeto prevê o resgate e a democratização do acesso ao acervo artístico colonial em parceria com o setor privado através da Lei Rouanet. José foi fundador da Escola Baiana de Pintura e influenciou duas gerações de continuadores, que preservaram princípios da sua estética até meados do século XIX. Entre as suas obras mais notáveis está a “Glorificação da Imaculada Conceição”, pintura no teto da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador, considerada sua obra-prima.