O que é um ciclone extratropical perto de Fernanda Montenegro? A atriz é unanimidade (embora ela diga que não rsrsrs) e nem a ventania desse sábado (19/08) foi páreo para a fila que se formava do lado de fora da Arena Carioca Fernando Torres, em Madureira, para ouvir a leitura de “Nelson Rodrigues por ele mesmo” — entraram mais ou menos 350 pessoas, a capacidade máxima, para tristeza dos que ficaram de fora.
A atriz retornou ao palco depois de 10 anos, quando inaugurou o teatro que leva o nome do ator com quem foi casada por mais de 60 anos — chegou três horas antes para se preparar e pediu melão, pera e água. Ela abriu mão do cachê e a entrada foi 1kg de alimento para instituições locais. Quando surgiu, a arena tremeu e todos ficaram hipnotizados do início ao fim. Antes, ela contou um pouco da sua história com a Zona Norte – nasceu no bairro de Campinho e frequentou muito a vizinhança. “Nasci na Rua Alaíde e, nesse bairro, vi os anos 1930 com chácaras, árvores, um bonde… Voltar aqui é muito bonito”, disse ela emocionada e ovacionada.
Uma equipe da Conspiração Filmes também acompanhava a atriz, para a gravação de um documentário. No fim, mais agradecimentos, aplausos intermináveis e muita gente com “cisco” nos olhos e celulares em punho. Fernanda tem lotado teatros com “Nelson”, de 2016 a 2020 e em 2022, no texto baseado no livro homônimo organizado por Sônia Rodrigues, a filha do autor. Pensa que domingo foi dia de descanso? Às 8h ela já estava no aeroporto embarcando para São Paulo, para dar uma palestra fechada para uma empresa.