Os 100 anos de Millôr Fernandes (1923-2012) foram comemorados como se ele estivesse ali, na sede carioca do Pen Clube, no Flamengo, na sessão “Fragmentos de memórias de amigos e devotos de Millôr para festejar seu centenário”.
Ricardo Cravo Albin, presidente do Pen, entregou o primeiro diploma Bertrand Russel (um dos fundadores do clube inglês, que defende a liberdade de expressão), ao jornalista Luiz Gravatá, em nome de Ivan Fernandes, filho de Millôr, que não mora no Brasil.
Gravatá conheceu Millôr em 1979, em Goiânia, numa exposição do artista plástico Siron Franco, amigo de ambos. Na década seguinte, Gravatá se mudou para o Rio e estreitaram os laços — uma das histórias contadas por ele foi exatamente essa, as ligações de Millôr toda manhã, já que os outros amigos, boêmios, só acordam depois das 11h. O amigo só o viu chorar quando seu cachorro Igor morreu. Gravatá foi um dos que pediu a Eduardo Paes que restaurasse o Largo do Millôr, projetada pelo arquiteto Jaime Lerner, no Arpoador, no ano passado, além de ter vários trabalhos de Millôr nas paredes da sua cobertura, em Ipanema.
Também entre os convidados, Fernanda Montenegro, amiga desde a década de 1970 — ela encenou peças escritas por ele; ele escreveu um texto sobre ela pela “Série Retratos em 3 x 4” —, que foi a primeira a falar, com passagens afetivas e hilárias. O advogado Técio Lins e Silva também falou: “Ele era um gênio, o maior crítico de costumes que este País conheceu, um observador fantástico do cotidiano. Todos os dias, lembro da frase ‘Como são maravilhosas as pessoas que não conhecemos bem’” e citou um caso em que defendeu Millôr, em 1973, quando o Ministro da Justiça do governo Médici, Armando Falcão, o processou por uma frase publicada no “Pasquim”: “Jaqueline (Kennedy) nasceu com o rabo pra lua e soube usá-lo”.
Também participaram Tom Job Azulay, Cesar Nascimento e Lucia Regina de Lucena, além de mensagens escritas por Geraldo Carneiro, José Paulo Cavalcanti Filho, Silvio Tendler, Cassio Loredano e Jaguar. Por fim, um brinde.