“Que potência!” — essa foi a expressão mais ouvida na estreia de “Sra. Klein”, com Ana Beatriz Nogueira, Natália Lage e Kika Kalache, nessa quinta (03/08), no Teatro Prudential, na Glória, com direção de Victor Garcia Peralta. O espetáculo, em cartaz apenas até o fim deste mês, chega depois de elogiada temporada em São Paulo.
Como Ana costuma dizer que trabalhar é diversão, depois da sessão, a sensação era vista nos bastidores, em amigos, colegas e fãs querendo tirar uma casquinha do elenco e pôr pra fora suas impressões.
Embora ambientado há quase 90 anos, o texto do autor inglês Nicholas Wright segue atual, “…a história é sobre uma família disfuncional, a relação tóxica entre mãe e filha. O público costuma se identificar demais porque sempre há dificuldades nesses vínculos”, diz Peralta, que já havia montado o texto, há 33 anos, na Argentina. “Outro dia, reassisti ao vídeo e adorei, mas seria impossível fazer como fiz no início da carreira — naturalmente, meu olhar mudou e queria fazer uma montagem menos realista”, explica.
A trama sobre os dramas familiares da psicanalista austríaca Melanie Klein (1882-1960), seguidora de Freud e revolucionária no que diz respeito ao tratamento de crianças, tem fascínio. Foi encenada por aqui duas vezes: uma nos anos 1990, com Ana Lúcia Torre, e, outra, há 20 anos, com Nathália Timberg. “Fiquei com a peça na cabeça e pensei: ‘Quando for mais velha, eu quero fazer’. A gente deseja fazer certos papéis mais velha, sabe, com a idade da personagem, embora em teatro tudo seja possível. Só que é mais interessante estar mais madura como atriz”, filosofa Ana, que levou quase quatro anos para montar por causa da pandemia.