Quem odeia os conflitos pode adotar, sem querer, uma comunicação passivo-agressiva: um estilo de comunicação indireto e ambivalente, no qual a pessoa expressa sua raiva, frustração, ressentimento ou hostilidade de forma sutil ou disfarçada.
Esse tipo de comunicação envolve uma mistura de comportamentos passivos, como ser evasivo, dar respostas curtas, sarcásticas ou ambíguas, e comportamentos agressivos, como insultos disfarçados, críticas veladas ou atitudes de sabotagem.
A pessoa que utiliza a comunicação passivo-agressiva evita confrontações diretas e não se expressa de forma assertiva. Ao invés disso, ela canaliza sua raiva e descontentamento de maneiras indiretas e muitas vezes não saudáveis. Pode ser uma forma de expressar ressentimento ou vingança sem assumir a responsabilidade por suas ações ou palavras.
Esse tipo de comunicação pode ter um impacto negativo nas relações interpessoais, pois dificulta a resolução de conflitos, promove a falta de confiança e pode levar a um ambiente de hostilidade latente e constante. É importante reconhecer esses padrões de comunicação e buscar estratégias mais diretas e assertivas para expressar preocupações ou resolver problemas.
Seguem alguns exemplos de comportamentos passivo-agressivos:
reprimir ou negar sentimentos de raiva;
evitar expressar seus sentimentos negativos, dizendo que está bem, mesmo quando está visivelmente incomodado;
ficar em silêncio intencionalmente, o famoso “dar um gelo”;
agir de forma a irritar os outros pouco a pouco;
fazer promessas de cooperação, mas secretamente fugir dessas obrigações;
procrastinar ou realizar as tarefas de forma ineficiente;
ser evasivo e/ou reservado;
utilizar meios de comunicação, como mensagens de texto, e-mails e mídias sociais para evitar o contato direto;
projetar sentimentos de raiva nos outros;
fazer-se de vítima em relação a uma pessoa que expressa sua raiva abertamente;
agir de maneira manipuladora e controladora;
fazer com que os outros reprimam a própria raiva e, eventualmente, tenham ataques de raiva;
fazer muitas promessas de mudança de comportamento (e não mudar);
fazer com que os outros se sintam em uma montanha-russa de emoções.
A maioria das pessoas costuma ter esse tipo de comportamento de forma ocasional, para evitar o conflito, por não querer expressar a sua raiva e por não saber como expressá-la sem magoar o outro ou sem gerar algum dano na relação.
No entanto, algumas pessoas podem desenvolver um padrão rígido de comportamento passivo-agressivo, tornando-se um modo de ser e causando muito sofrimento nas suas relações. Nesse caso, a convivência pode se tornar extremamente difícil e desafiadora, e você não deve hesitar em buscar uma ajuda profissional.
No dia a dia, a Comunicação Não Violenta (CNV), criada pelo psicólogo Marshall Rosenberg, conhecida e praticada em centenas de países, nos oferece caminhos para construir diálogos a partir de uma comunicação mais consciente e assertiva.
Ela nos oferece a possibilidade de acolher e expressar, de forma construtiva, a raiva e outros sentimentos desagradáveis e considerados “negativos”.
No próximo artigo, falarei sobre como a CNV pode ajudar a gerenciar e expressar a raiva.
Boa semana!