Quem passa em frente à Igreja da Ordem Terceira do Carmo, no Centro, certamente não observa o raro oratório que fica acima dos arcos – e o risco de algum pedaço desabar sobre a própria cabeça é iminente, como alerta o arqueólogo Cláudio Prado de Mello desde 2019. A boa notícia é que o último oratório de rua do Rio será recuperado pela empresa Restauro Carioca, da arquiteta e urbanista Yanara Costa Haas, mestre em Patrimônio Cultural.
A peça fica acima do Arco de Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança, na Rua do Carmo, paralela à Rua Primeiro de Março, onde está a entrada da igreja. Mesmo assim, o movimento ali é intenso até pelos diversos escritórios, restaurantes e atrações turísticas.
Esse foi o único que restou dos 73 oratórios do Rio, do século XVIII e, de acordo com o site do Iphan, foi feito em 1764. O lugar hoje se chama “Beco do Carmo”; o oratório está na entrada, com péssimo aspecto, como na imagem. O arco de pedra assim como a igreja e o oratório são tombados pelo Patrimônio Histórico e Cultural – esse último, abandonado há mais de uma década, cercado por madeiras podres desde quando Cláudio chamou atenção: “O madeiramento que foi colocado para protegê-lo já estava deteriorado naquela época. Soluções técnicas existiam, mas faltava apenas a vontade e atenção das pessoas”, diz ele.