Enquanto a criação do conselho de moda era anunciada no Palácio da Cidade, em Botafogo, Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, lançava o edital “Viva Pequena África”, nesta sexta (28/07), no Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (Muhcab), na Gamboa. “Isso aqui é o pré-sal do movimento negro. Eu acho que é a presença dos ancestrais que deixa esse lugar aqui tão festivo”, disse Mercadante, anunciando a criação de um fundo com R$ 20 milhões, num primeiro momento, para ações na região que recebeu mais pessoas escravizadas do mundo.
Também estiveram no evento Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, Marcelo Calero, secretário municipal de Cultura, Sinara Rúbia, diretora do Muhcab, e Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal. As inscrições para o edital começam nesta mesma sexta e seguem até 11 de setembro, com resultado divulgado no Dia de Zumbi de Palmares (20/11), quando, segundo Mercadante, será anunciada a segunda fase do programa. “A nossa meta é chegar a R$ 200 milhões de investimentos na Pequena África e, junto com a Prefeitura do Rio, dar um grande salto para tornar esta região uma grande referência mundial da história da luta dos povos ancestrais”.
O “Viva Pequena África” sai no dia seguinte ao aniversário da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. Uma das motivações para o edital é o reconhecimento do Cais do Valongo como Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco em 2017. “Queria destacar algumas instituições que serviram de pulmão para esta região, como o Muhcab, um lugar de pensamento, política antirracista e letramento racial”, disse Calero, aproveitando para anunciar a reforma no local — “são atualizações sob o ponto de vista estrutural; em breve, apresentaremos um projeto arquitetônico à altura do que merece este museu”.