Vaivém intenso na Casa França-Brasil, no Centro, nesse sábado (22/07), com a inauguração da mostra “O real transfigurado | diálogos com a arte povera | coleção Sattamini/MAC-Niterói”, com trabalhos de 33 artistas em diferentes técnicas e materiais. A exposição chama atenção sobre as relações entre a produção nacional e a arte povera (pobre, em italiano), movimento italiano dos anos 1960, que usava materiais do cotidiano como forma de criticar a transformação da arte em produto comercial.
Anna Bella Geiger, Cildo Meireles, Antônio Dias, Emmanuel Nassar, Iole de Freitas, Ernesto Neto, Nuno Ramos, Jorge Barrão, Tunga e Artur Barrio estão entre os trabalhos selecionados pelos curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto. “A mostra pretende instigar o público a pensar o que é arte e qual a função do artista na nossa sociedade”, explica Peixoto.
Um dos artistas influenciados pela arte povera por aqui foi o luso-brasileiro Artur Barrio, que usou materiais como lixo, papel higiênico, detritos e carne putrefata em seus trabalhos, como as “Trouxas Ensanguentadas” (1970), que foram espalhadas pela cidade e faziam alusão à época da ditadura. “A arte povera não é muito estudada pela crítica no Brasil. A mostra é para que ela volte a ser falada e conhecida pelo grande público e também no ambiente artístico”, finaliza Peixoto.
As obras da mostra pertencem à Coleção João Sattamini, em comodato com o Museu de Arte Contemporânea (MAC-Niterói) desde 1991. O economista João Sattamini, falecido em 2018, foi o colecionador que levou à construção do MAC, ao procurar o então prefeito da cidade, Jorge Roberto da Silveira, amigo de infância de sua mulher, Sylvia. Silveira propôs a construção de um novo prédio para guardar suas artes, e João se apaixonou por Boa Viagem, onde o museu foi inaugurado, em 1996.