Rio Antigo, por Rafael Bokor: Edifício Manhattan, a primeira grande construção art déco na praia do Leme

De frente para o mar do Leme, foi construído, em 1936, um dos prédios mais exuberantes em estilo art déco do Rio: o Manhattan, o primeiro da Avenida Atlântica nesse trecho da praia. Tem 11 andares com quatro apartamentos por andar, mais duas unidades na cobertura, totalizando 46 apartamentos.

O diferencial dele, além do seu interior art déco repleto de símbolos indígenas, é o fato de o Manhattan ser um dos únicos prédios da Avenida Atlântica que não encostam nas construções laterais. O canal de ventilação foi inspirado nas construções de Nova Iorque, que, à época, exigiam áreas livres laterais de, no mínimo, 3 metros para assegurar a circulação de ar.

Outra característica rara são as duas portas de entrada do Manhattan (que entram na lista das mais belas já mostradas por aqui) —  uma para a Rua Gustavo Sampaio e outra para a Avenida Atlântica. Ambas exatamente iguais e ligadas por um corredor extenso em mármore decorado por uma passadeira vermelha.

Em 1988, o Manhattan foi usado como locação para o mais famoso assassinato da TV brasileira, ocorrido na novela “Vale Tudo”. A personagem Odete Roitman, vivida por Beatriz Segall (1926-2018), foi morta a tiros num dos apartamentos desse prédio. À época, a trama usou muitas cenas no hall do Manhattan e no calçadão em frente ao prédio. Há 35 anos, todos sabem quem matou Odete Roitman, mas poucos sabiam onde esse crime da ficção tinha acontecido. 

São décadas de muitas histórias como um dos edifícios mais icônicos do Brasil.