E aí? Já encontrou alguma alma desgarrada para curtir o Dia dos Namorados?Quanto aos bem intencionados que prometem apresentar alguém ‘que tem tudo a ver contigo’, pergunte de onde o cara-pálida tirou tal conclusão. Se ouvir a platitude ‘vocês têm a mesma vibe’, mande um ‘então já é’ e, cariocamente, suma.
Também evite sites de relacionamento. Quando o alvo é o coração, algoritmos parecem flechas disparadas por cupidos míopes de olhos vendados.
Não caia no ridículo de se presentear em nome da autoestima. Pense no viés mercantilista da data. O Globo de 2022: ‘O consumidor não decepcionou, atrás de presente para a pessoa amada movimentou mais de 6,5 bi no varejo.’ Tá. E na cama qual foi o movimento? Essa cifra é conversível em orgasmos? O que aceleração econômica tem a ver com disparada da frequência cardíaca no momento de um beijo? Os indicadores que importam nunca são pesquisados. Objetivamente: quanto foi gasto em motéis, preservativos, pílulas do dia seguinte e Ky?
Peguei pesado. Tá se sentindo um excluído? Não, não fique em casa trocando carícias virtuais com avatares. Geral circulando de mãozinhas dadas e você à toa? Dê umas voltas por aí. Num balcão de bar, numa roda de samba, na praia ou na esquina, vai que você topa com alguém que topa o que você tá topando sem tapar o sol com a peneira!? Sem falsas promessas, chegue junto com delicadeza.
Se o lance fluir, lembre-se de que, ao contrário da fatura do cartão de crédito, a conta dos maiores prazeres da vida não fecha só por aproximação. Há que inserir ou, no mínimo, teclar na maquininha, se é que me faço entender com retórica tão cheia de dedos. Se liga, pois a depender da complexidade da senha, é difícil aprovar a operação sem repetir a digitação. Com calma, rola um clímax.
E assim, seu caído do trem, curta um divertido date de Dia dos Namorados.
Helinho Saboya é advogado.