Anos atrás, fiz um curso de cores na Pantone, cujo objetivo era conhecer a “cor do ano” e a sua aplicabilidade em várias áreas, como moda, decoração, design e até na gastronomia! Na ocasião, uma frase me marcou: “a cor é contexto”! Nesse sentido, quando me perguntam “posso usar verde para uma entrevista de trabalho?”, respondo com as seguintes indagações:
Qual é a tonalidade do verde que você vai usar? Ele é claro, médio ou escuro?
Qual é a intensidade do verde? Ele é intenso como um verde besouro, opaco como um verde musgo ou “elétrico” como um verde neon?
Para qual trabalho você está se candidatando? É para um escritório de advocacia, para uma agência de publicidade, para uma empresa de moda?
Você pretende usar esse verde sozinho ou misturado a uma outra cor? Se for misturá-lo a outra cor, que cor seria essa?
Qual a proporção desse verde no seu look? É só na parte de cima ou na de baixo, no look todo, ou ele será usado apenas nos acessórios?
Ao responder às perguntas acima, conseguimos elaborar um contexto, uma circunstância para o uso do verde! Sem saber o contexto, não podemos avaliar! Como eu escrevi no início do texto, cor é contexto!
A cor também é uma importante ferramenta de comunicação! Acredite ou não, usar certas cores pode nos ajudar a conseguir um aumento, vencer um argumento e até mesmo convencer os mais tímidos a se soltarem. Cores em casa podem nos levar a relaxar, encorajar ou desencorajar um bate-papo e até mesmo provocar insônia. Cores em embalagens enviam mensagens subliminares sobre o produto: se ele é saudável, caro, perigoso. As cores possuem significados e transmitem mensagens. Conhecer o significado das cores, portanto, é fundamental para uma pessoa definir a mensagem que ela quer transmitir aos seus observadores.
Teste rápido: você sentiria mais confiança contratando um advogado de gravata azul-marinho ou um com gravata laranja vibrante? Com qual consultora financeira você se aconselharia: com a de tailleur cinza ou com a de rosa-bebê? E qual estagiária para a empresa de publicidade você chamaria para uma entrevista: a de vestido azul-royal e bolsa laranja, ou a de vestido preto e bolsa na mesma cor?
Estudos comprovam que, além dos efeitos psicológicos das cores, também sofremos os seus efeitos fisiológicos. Isso porque cada cor possui um comprimento de onda, e nossos olhos reagem de forma diferente à percepção das cores, desencadeando, imediatamente, uma reação em nosso sistema nervoso. Por exemplo, cores quentes, como amarelo, laranja e vermelho, possuem o maior comprimento de onda, o que significa que nossos olhos despendem maior energia para visualizá-las. Por isso, tais cores costumam “avançar” na nossa frente. Cores quentes também estimulam o cérebro, aumentam os batimentos cardíacos e a respiração.
Por outro lado, cores frias, como azuis e verdes, possuem o menor comprimento de onda, os nossos olhos despendem menos energia para visualizá-las. Cores frias possuem um efeito relaxante, calmante e tranquilizante. Enquanto as cores quentes “avançam”, as cores frias “recuam”. Importante mencionar que não existem cores “boas” ou cores “ruins”. Existe o bom uso da cor ou o seu uso equivocado. E isso não se aplica apenas à moda, mas também à decoração, à publicidade, ao design e a outras áreas. Você já parou para pensar sobre isso?
Uma cor que eu adoro e uso muito estrategicamente é o rosa! Quando você veste rosa, é impossível alguém lhe fazer uma grosseria — rosa desarma! Certa vez, estava muito aborrecida com um assunto e vesti rosa a semana inteira; no final da semana, já tinha esquecido o assunto. Se, nessa semana, eu tivesse usado vermelho, a minha irritação teria dobrado. Eu realmente acredito no poder das cores!
Cris Pinheiro Guimarães deixou uma sólida carreira de dez anos em um grande escritório de advocacia, para se dedicar a duas paixões: arte e moda! Formada pelo Instituto Marangoni de Paris, Cris também é apaixonada por arte e arquitetura e frequentadora assídua de galerias, exposições e feiras de arte internacionais. Além do trabalho como consultora de moda no Shopping Villagemall, Cris ministra cursos de Cores e Arte no Brasil e promove viagens internacionais, onde conecta esses universos, como os cursos “Made in France”, “Made in Lisboa” e o “Made in Buenos Aires”.