As histórias por trás das telas da mostra “Wilma Martins — Território da memória”, inaugurada nessa quarta (28/06), no Paço Imperial, são tão incríveis quanto as próprias obras. São 37 trabalhos, entre gravuras, pinturas e desenhos, além de estudos e documentos para a mostra que começou a ser pensada com a artista ainda em vida – a artista mineira morreu aos 88 anos, em 2022 – em conversas com o marido, o crítico de arte Frederico Morais (eles foram casados por 60 anos), e a historiadora da arte Stefania Paiva, curadora da mostra, que conviveu intensamente com Wilma nos últimos 10 anos.
Nas paredes do Paço está uma das últimas telas produzidas por ela, “Dona Marta 24h”, de 2016, com 25 desenhos em lápis de cor e nanquim, representando o Mirante Dona Marta no período de um dia, com a variação de luz e cores. Tem também algumas das primeiras gravuras da década de 1960 e um caderno de bolso, com desenhos de paisagens do Rio, acompanhado por um bilhete escrito pela artista com instruções de uso para o marido levar quando ele viajava. “Cabe destacar o pequeno caderno de papel artesanal, registrando à maneira dos cicloramas do século XIX, no Rio, toda a extensão da paisagem captada de sua varanda: Urca, Pão de Açúcar, Botafogo, Laranjeiras, Silvestre, altos de Santa Teresa, Cristo Redentor”, ressalta Frederico.
Santa Teresa está em três trabalhos, feitas a partir da janela de seu ateliê/casa, no Cosme Velho. “Ela pintou uma Santa Teresa suspensa, envolta em árvores e montanhas de cumes verdes. Pouco tempo depois, Wilma foi até Santa, comprou o terreno que pintou tantas vezes, e ali ajudou a projetar a casa que tem uma varanda com vista para o ponto de onde ela olhava inicialmente”, conta Stefania.