O CCBB inaugurou, nessa terça (27/06), “Heitor dos Prazeres é meu nome”. Trata-se de uma retrospectiva com 200 trabalhos do artista, um multimídia muito antes de esse conceito existir: pintava, desenhava, compunha, criava figurinos, móveis etc. Nascido 10 anos depois da Abolição da Escravatura, registrou, a partir de 1930, crônicas do Rio suburbano da primeira metade do século XX.
Também colaborou na fundação das primeiras escolas de samba, como Mangueira, Portela e Deixa Falar (Estácio de Sá), trazendo temas ignorados à época, como os cultos de matriz africana, as primeiras rodas de samba e a transformação do subúrbio rural em cenário urbano, com o surgimento das primeiras favelas.
Haroldo Costa, curador da exposição, com Raquel Barreto e Pablo León de La Barra (curador de arte latino-americana do Guggenheim, de Nova York), conviveu com Heitor — estiveram juntos em uma viagem a Dakar, capital do Senegal, em 1966, no “I Festival de Artes Negras”, meses antes de sua morte. “No voo, ficamos juntos, conversando; passei a admirá-lo ainda mais. Ele é o melhor exemplar que conheço do ‘milagre brasileiro’, porque tinha tudo pra dar errado, mas tornou-se grande em várias áreas. Foi um pioneiro na observação do cotidiano da população negra e periférica”, diz Haroldo.
A família de Heitor estava toda lá e, numa roda improvisada, Heitorzinho dos Prazeres cantou a famosa “Pierrô Apaixonado”, que o pai compôs com Noel Rosa. Todos os convidados o acompanharam, com emoção saindo pelas orelhas!