Quando as luzes do Kinoplex Leblon Globoplay acenderam, depois da pré-estreia de “Vestidas de Amor”, série apresentada pelo estilista Carlos Tufvesson, uma voz ecoou na sala: “Ahh, não aguento mais chorar! Agora tem que vestir de noiva a travesti! Eu quero”. Todos gargalharam. Era Andréa Brazil, fundadora da ONG Capacitrans (rede de capacitação para pessoas trans e LGBT+ do Rio), que acompanha a carreira de Tufvesson há décadas e, ao conhecer as personagens, já queria se inserir numa possível segunda temporada.
À entrada, os convidados eram recebidos com baldes de pipoca e tacinhas de espumante. Sala cheia, todos acomodados com os pés pra cima naquelas cadeiras reclináveis para assistir aos dois primeiros episódios da série, produção da Globoplay, com estreia no streaming nesta quinta (11/05). Além de apresentar, Carlos assina e produz os vestidos feitos exclusivamente para as noivas, com elementos simbólicos de cada casal retratado, como um de pastoras evangélicas lésbicas — sim, isso existe e muita gente não sabia sobre igrejas inclusivas —, o ritual do casamento no candomblé, um indígena, árabe e assim aí vai. “Mais do que apresentador, eu me sinto um contador de histórias da vida dessas mulheres e do casal. São trajetórias cheias de emoção, e vemos um Brasil com tantas culturas que ainda são mantidas, como se fôssemos vários países dentro de um só”, diz ele, que se emocionou em muitos momentos, incluindo o próprio lugar, o cinema com fachada projetada pelo marido, o arquiteto André Piva (1968-2020), que aparece em fotos no 1º episódio.
A direção artística é de Antônia Prado, direção de Fábio Lucena e roteiro de Cláudia Thevenet. “Poder mostrar para o Brasil esses rituais e tradições do nosso país tão diverso, em um acesso superíntimo, como o momento do casamento, é a chance de romper preconceitos e situações que nos separam e mostrar que todo mundo busca a mesma coisa: amar e ser amado, independentemente da sua religião, idade ou orientação sexual”, diz Antônia.