Entre a Praia da Urca e o Morro do Pão de Açúcar, na Avenida Portugal, n° 986, foi inaugurado, em 1934, o Edifício Urca, praticamente o primeiro grande prédio do bairro no estilo art déco. Essa construção guarda alguns tesouros arquitetônicos.
O nome do edifício é eternizado com letras típicas do estilo art déco e o portão de ferro com alguns elementos marinhos (peixes, cavalos-marinhos, bolhas de ar, algas, caracóis), que aumentam a impressão do Edifício Urca ser um navio ancorado no porto, prestes a zarpar; isso, graças ao seu formato e à proximidade com a areia e o espelho d’água. Emoldurando a portada de granito preto, estão duas colunas encimadas por luminárias embutidas, um clássico dos prédios chiques daquela época.
O hall de entrada do edifício é típico da década de 1930: mármores no piso e sobrepostos em parte das paredes. Uma passadeira vermelha indica o caminho aos elevadores de portas pantográficas, que contam com grandes maçanetas e elementos de respiração/visualização em formato de flor.
O Urca foi projetado e construído pelo engenheiro Alfredo Baumann, tendo como primeiro proprietário Antônio Belmiro Rodrigues. Alfredo Baumann estudou na Europa por dois anos, onde se especializou em construções de cimento armado. Ele é filho de Charles Baumann, diretor do extinto Banco Brasileiro-Alemão. O prédio conta com seis andares e 30 apartamentos de dois e três quartos, com numeração de dois dígitos. As portas de todos os apartamentos ficam em corredores amplos e abertos nos fundos da construção, com vista para o Cristo Redentor. Nos corredores de quatro dos seis andares do Urca, logo na saída dos elevadores, os moradores e visitantes deparam com dezenas de ícones polêmicos no piso vermelho, os quais podem ter interpretações distintas, dependendo de quem os observa (suásticas ou elementos da cultura e religiões budistas). Só vi uma raridade dessas em prédios residenciais, aqui no Rio, no Edifício Victor, na Lapa.