O pesadelo ainda não acabou: 27 de maio, Dia da Mata Atlântica! Pois foi, nessa mesma semana, que deputados federais da maioria dos partidos, representantes da sociedade, eleitos democraticamente, certamente ceifaram o futuro da Mata Atlântica e de boa parte da população que vive no bioma mais ameaçado do Brasil.
Para quem achava que o pesadelo ambiental do Governo Federal passado havia enfim terminado, se enganou redondamente; afinal, falta de vergonha e compromisso com o futuro comum não são características que afetam apenas uma ala da classe política.
Dentro de um contexto político e econômico, diametralmente oposto daquele dos seus dois primeiros governos, em que a economia “bombava” e, portanto, praticamente ninguém dava a menor bola aos escândalos que pipocavam do “mensalão” ao “petrolão”, o atual Governo se vê emparedado pelo glutão Congresso Nacional – Congresso que, reitero, eleito democraticamente pela sociedade, continua a dar as cartas no que continua sendo o desmonte das ferramentas federais de proteção ambiental.
Não saciado pelas benesses produzidas pela fraqueza explícita do Executivo e, consequentemente, com todo tipo de concessões dado pelo mesmo, um dos principais biomas-alvo da ganância sem limites da maioria de nossos representantes foi a fragmentada e reduzidíssima Mata Atlântica.
Bioma mais castigado pela cultura do “usar até acabar”, típico de colônias de exploração, o que sobrou do bioma, com as recentes mudanças realizadas pelos, reitero, eleitos pela sociedade, será ainda mais impactada, pois nossos representantes, simplesmente respondem apenas aos interesses imediatistas dos lobbies em que atuam, mandando e desmandando, de fato, na política e agenda do País.
Sem dúvida, o discurso de palanque do chefe do Executivo será posto à prova.
Na atual conjuntura climática (global, regional e local), não há mais espaço para bravatas de palanque, declarações de amor à natureza, afagos e elogios à mudança da matriz energética, tornar-se sede de eventos ambientais, como a COP, que, no final das contas, acabam sendo usados mais como palanque e turismo, bem como muito menos tempo a perder. Simplesmente, não há mais tempo e, apesar da explícita reação cada vez mais violenta do Planeta ao ataque aos mecanismos de homeostase planetária, nossos representantes estão mais preocupados em defender os interesses dos seus guetos, financiadores e projetos políticos pessoais, e o resto que se dane!
Por curiosidade mórbida, gostaria de saber do nobre deputado federal responsável pelas alterações: em que mesmo ele se baseou para criar tamanhas mudanças tão nefastas do ponto de vista ambiental ?
Claro que posso imaginar a resposta, bem como, nem “sob tortura”, o nosso nobre representante iria nos comunicar para quem essas mudanças foram produzidas.
Enfim, aguardemos o que o chefe do Executivo irá fazer: se vai vetar, se será mantido o veto; enfim, vamos aguardar os próximos capítulos desse filme de terror ambiental.
Apenas de uma coisa eu tenho absoluta certeza: a resposta de quem está sendo mutilada virá de forma cada vez mais intensa e frequente, afetando diretamente os milhões que elegem essa turma. Portanto, passou da hora de eleger pessoas com maior ligação com as questões de natureza ambiental.
O resto é conversa…