Nem todo mundo tem, ou teve, uma mãe amorosa. O Dia das Mães costuma ser bem triste para quem sofreu abusos repetidos desde a infância, sejam emocionais, sejam físicos, por parte da sua mãe.
Existem mães tão hábeis em manipular e se vitimizar, que seus filhos costumam ser invalidados e passar por “loucos” ou “exagerados” quando contam as maldades e abusos que sofreram com elas.
Quando contam o que passaram ou estão passando, ouvem frases como: “É sua mãe, você deve perdoá-la”, “Sua mãe está fazendo seu melhor, você deve ser grato(a)”.
E isso vindo de amigos, familiares e dos próprios terapeutas.
Depois de ter sofrido um assédio extremamente grave de uma mulher supostamente “narcisista perversa”, no trabalho, procurei me aprofundar nos transtornos de personalidade. Descobri que esse tipo de perfil é altamente dissimulado e manipula de forma consciente e intencional, causando muita dor e destruição por onde passa. São pessoas desprovidas de compaixão e capazes de qualquer coisa para atingir seus objetivos.
No seu livro “Psicopatas do Cotidiano”, a Dra. Kátia Mecler, psiquiatra forense, explica, de forma simples e ilustrada, cada um dos dez transtornos de personalidade referenciados no DSM-5 — o manual de transtornos mentais americano que se tornou uma referência mundial em Psiquiatria. São eles:
1. Transtorno de personalidade paranoide
2. Transtorno de personalidade esquizoide
3. Transtorno de personalidade esquizotípico
4. Transtorno de personalidade borderline
5. Transtorno de personalidade narcisista
6. Transtorno de personalidade antissocial
7. Transtorno de personalidade histriônico
8. Transtorno de personalidade esquivo
9. Transtorno de personalidade dependente
10. Transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo
Esse conhecimento me abriu os olhos e foi um divisor de águas na minha vida. Descobri que transtornos afetam um certo percentual da população — mães inclusive — e costumam causar muito sofrimento nos seus relacionamentos mais íntimos.
Logo depois de ter sofrido aquele assédio e pedido demissão do meu cargo de diretora, para não me submeter aos abusos, resolvi falar sobre o transtorno de personalidade narcisista (TPN) nas minhas redes sociais, para difundir esse conhecimento — que considero de utilidade pública — e ajudar o maior número possível de pessoas.
Desde então, ajudei centenas de milhares de pessoas a despertar e se libertar de relacionamentos profundamente tóxicos através dos meus vídeos e cursos on-line. Tenho recebido, diariamente, muitas mensagens de pessoas que sofreram ou ainda estão sofrendo violências psicológicas de mães com esse perfil.
Eu não sou a favor de alimentar o ódio em relação a qualquer tipo de pessoa, pelo contrário. Meu objetivo é colaborar com pessoas que precisam preservar sua saúde e sua integridade física e mental.
E aí vem a questão do perdão… Sem dúvida, o perdão é necessário, tem poder terapêutico em determinado momento. Mas tudo tem sua hora.
Quando uma pessoa está abrindo seu coração e falando sobre os abusos, não é a hora de dar conselhos, como por exemplo, “mãe é mãe, você deve perdoá-la”. Em vez disso, é o momento de demonstrar empatia e acolhimento, de ouvir com toda a atenção, sem julgar.
O perdão não pode ser forçado e dificilmente acontecerá se a vítima não tiver recebido acolhimento e empatia. Cada indivíduo tem seu tempo próprio para perdoar, e esse processo vai depender de vários fatores.
Acredito que a maior necessidade de quem sofreu abusos é receber apoio, empatia, compaixão, antes de conseguir perdoar.