Já disse aqui que um dos comportamento nos feriados quando as pessoas sobem a Serra, ou vão para as casas de praia, ou entram num avião, ou pegam os carros ou ônibus com intenção de descansar, mudar de cenário ou o que for, com aquela sensação de não fazer nada, é quando mais se fala da vida alheia. Para muitos, não precisa sair de casa, por óbvio, mas acentua.
Isso aparece em todas as classes sociais, não importando se estão instalados em suas casas espetaculares ou numa barraca de campo. A ponto de alguns voltarem até meio cansados (falar mal dos outros pode, sim, ser exaustivo). Se existe algo que consome energia é essa atitude; falam e, depois, pode vir o arrependimento.
Com o corpinho relaxado nos lençóis (não importa), naquela hora só você com você, pode causar um mal-estar, ainda que de leve, mesmo que não identifique a razão – um sono intranquilo, enfim. As palavras já foram ditas, já vibraram em todos que ouviram. Em muitas situações, a conta chega – e chega exatamente nesses momentos intimistas. Segundo a Cabala, a fofoca aumenta no mundo as doenças transmissíveis pelo ar. Traz danos a quem fala, a quem ouve e à vítima.
E outra: viemos ao mundo com um número predeterminado de palavras negativas que temos permissão de usar; quando essa cota é atingida, a morte chega. Oi? É o que consta. Um pouco de hesitação, às vezes, pega bem – pense nisso antes de detonar. Claro que existem aquelas pessoas quase santificadas que têm sempre um elogio na ponta da língua para quem está ausente – nesses podemos confiar; se agem assim com outros, vai agir com você também. No burburinho do jogo, no burburinho do almoço, no burburinho dos drinques, surgem nomes, surgem maldades, surgem historinhas… É infalível. Quem nunca provou desse veneno? (Escrevi em 2015, mas segue atual).