O ser humano tem várias manias — uma delas é escolher dia disso e daquilo, e no resto do ano, no caso da Terra, é paulada na toda poderosa e paciente Natureza.
O que vamos comemorar?
Vamos fazer o quê? Com certeza, ações aqui e acolá, recolhendo lixo, plantando mudas, soltando animais presos, discursos ecologicamente corretos falando sobre a importância da educação de qualidade, da responsabilidade individual e coletiva, biodiversidade, mudanças climáticas etc., etc., etc. e, no domingo, tudo volta ao “normal”.
Ainda falta muito para demonstrarmos, no dia a dia, que entendemos o momento dramático que estamos impondo às demais espécies que são o produto, como nós, de um processo evolutivo que tem uns 3.5 bilhões de anos.
Extinções, mudanças dramáticas acontecem de tempos em tempos, quando boa parte da vida é eliminada. Já aconteceu antes e está acontecendo justamente agora, e segundo a maioria dos pesquisadores, por conta da forma como a espécie humana tem se relacionado predatoriamente com o planeta que o criou. Desejamos um crescimento econômico infinito num planeta finito. Outras civilizações do passado já cometeram esse erro e simplesmente foram varridas. Hoje, não é o caso de uma região, mas do planeta Terra inteiro, da civilização planetária como a conhecemos que está em perigo. A vida, com ou sem seu filho pródigo, continuará de uma forma ou de outra, como aconteceu antes.
De espécie protetora do planeta, nos tornamos a principal ameaça atual. Eu poderia continuar falando, por exemplo, do quanto se gasta em armamento exclusivamente na guerra da Ucrânia e de quantas pessoas morrem de fome, ou de quanto se gasta em propaganda eleitoral, enquanto metade da população brasileira continua defecando em rios, lagoas e baías.
Não faltariam assuntos e absurdos para dar como exemplos de nossa forma predatória e irresponsável de lidar com a vida, seja ela qual for.
Francamente, não tenho solução pronta! Faço meu trabalho: recupero ecossistemas, monitoro e denuncio a delinquência ambiental.
Que cada um reserve um minuto de reflexão e que, nas próximas eleições, eleja o que achar de melhor ou de menos pior, pois a decisão é política.
Não há mágica tampouco salvador do Planeta. Há muito trabalho com um horizonte atualmente incompatível com a míope lógica política local e mundial. O resto é apenas “confete e serpentina”, destacando que o tempo de brincar sobre o tema já acabou há algum tempo.