O oncologista José Bines, do INCA e da Clínica São Vicente, recebeu carta branca do prefeito Eduardo Paes para tocar seu projeto-piloto “Aceleração”, que começa a partir desta quarta (26/04), no qual oncologistas particulares trabalharão em parceria com a Clínica da Família Zilda Arns, no Complexo do Alemão. “Trabalhamos tanto em instituição pública quanto em consultórios privados e queremos contribuir, principalmente no serviço público, para acelerar o tempo desde que a mulher percebe uma alteração na mama até ela conseguir fazer o tratamento. Normalmente, o caminho começa na clínica da família, cada uma perto da sua região e, a partir daí, é encaminhada para outros lugares, a fim de fazer biópsia, ter o diagnóstico e, por fim, o tratamento. Com esse projeto, queremos acompanhar a trajetória de algumas delas para tentar melhorar esse processo”, explica Bines.
A Clínica da Família Zilda Arns, inaugurada em 2010, tem 11 equipes de saúde da família e quatro de saúde bucal, para cobrir mais ou menos 50 mil moradores do complexo, encaminhando casos específicos para outros lugares. Na fase inicial, o “Aceleração” prevê o acompanhamento de mais ou menos 30 mulheres por seis meses a um ano. “Nesse período, vamos ver o que será necessário para acelerar esse tempo e quais etapas poderiam ser encurtadas. Os tempos são longos para a mulher que depende única e exclusivamente da clínica da família – 20% da população tem acesso à saúde suplementar, enquanto 80% dependem exclusivamente do SUS, ou seja, de 5 mulheres, 4 dependem do atendimento público. A ideia é que, se o projeto for bem-sucedido, a gente leve para outras clínicas”, detalha José.
O médico chama atenção para o número de casos no ano passado: mais de 66 mil (9.150 no Rio) em estudo do INCA. O câncer de mama é o que causa o maior número de mortes entre as mulheres, em todas as regiões do Brasil, exceto na Região Norte, onde o de colo do útero está em primeiro lugar. São esperados 704 mil casos novos no triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, com 70% de incidência. “Geralmente, elas chegam ao sistema público num estado mais avançado da doença, seja porque o procuram tardiamente, seja porque encontram dificuldades ao longo do caminho. Vamos tentar entender isso com questionários etc.”, diz.
O projeto vai contar com o apoio de toda a equipe do Zilda Arns, além de médicos voluntários e duas ONGs, a Américas Amigas (que ajuda mulheres carentes a conseguir exames rápidos para o diagnóstico precoce) e o Projeto Cura, que usa cultura em geral para conseguir verba para a pesquisa científica na luta contra o câncer.