Morreu, nesta sexta (24/03), um dia depois do seu aniversário, a galerista Márcia Barrozo do Amaral (idade não declarada, sua opção), de AVC, depois de uma vida de conquistas — foram quase cinco décadas dedicadas às artes plásticas. Sua primeira galeria foi inaugurada em 1974, com o nome Gravura Brasileira, especializada em obras múltiplas, passando a trabalhar com vários artistas: Tunga, Palatnik, Waltercio, Roberto Magalhães e muitos outros. Ser vinculado à Márcia já era, por si, um grande passo.
Mais recentemente, a galeria passou a ter o seu nome, instalada no Shopping Cassino Atlântico. “Era uma pessoa gentil, encantadora, uma unanimidade. Elegante, discreta, impecável sob todos os aspectos, um pilar. A primeira-dama do mercado de artes carioca. Ela deixa um hiato”, comenta, ao ser procurado, o marchand Afonso Costa, contemporâneo de Márcia Barrozo do Amaral.
Márcia foi casada com o jornalista Zózimo Barrozo (1941-1997), com quem teve Fernando, único filho do casal. Além de marchand, ela era artista de formação – frequentou a Académie de la Grande Chaumière, em Paris, em 1964; dois anos depois, fez o curso de pintura da Escola Nacional de Belas Artes da UFRJ. “Me lembro da sua primeira galeria, que ela abriu com o designer gráfico Aloísio Magalhães (1927-1982), em Copacabana”, diz ainda Afonso.
Paralelamente, no ano 2000, Márcia editou o livro “Frans Krajcberg – Natura e Revolta” (era amiga e representante do artista), lançado no Rio, São Paulo e Paris. O 1º volume traz um levantamento abrangente da obra de Krajcberg, e o 2º vol., “Natura”, as fotos tiradas pelo próprio artista em suas viagens pela Amazônia. Em 2005, foi lançado “Natureza de Krajcberg”, livro de fotografias; ao mesmo tempo, o artista mostrou os trabalhos mais recentes.
Afonso Costa completa: “Márcia era uma pessoa fundamental na história da arte carioca, um dos pilares entre os marchands que fizeram a história nas galerias no Rio. Hoje somos poucos de 70 anos ou mais: eu, Evandro Carneiro, Max Perlingeiro, Peninha (Jones Bergamin), e acabou. Eu e Márcia também fizemos várias exposições juntos. Ela vai deixar um hiato, uma saudade muito grande”.
O velório será neste domingo (26/03), no Cemitério Comunal Israelita, no Caju, a partir das 9h.
Veja fotos de Márcia na coluna, de 2010 até 2022: