“Às vezes, ouvimos que uma imagem vale por mil palavras, mas, como desafiou Millôr Fernandes, tente dizer isso sem palavras. É um privilégio estar sendo aceito nesta instituição, cuja matéria-prima é a palavra”, disse Ruy Castro (o discurso está no YouTube), a certa altura, durante sua posse na Academia Brasileira de Letras, nessa sexta (03/03), na cadeira 13, vaga com a morte do ex-ministro da Cultura Sérgio Paulo Rouanet.
Ali, em ternos escuros, saltos 10 (nas posses são sempre passeio completo) e calor angustiante, ninguém desistia da fila para abraçar o jornalista e escritor celebrado por grandes biografias, como Garrincha, Carmem Miranda e Nelson Rodrigues, eleito com 32 votos dos 35 acadêmicos.
Ruy Castro, nascido em Minas, é um carioca convertido e, para muitos, imortal há tempos, pelo refúgio oferecido pelo seu trabalho. Uma plateia importante, principalmente com grandes nomes da Literatura e do Jornalismo, formada por amigos e admiradores, sem ninguém à procura de afirmação de qualquer tipo, digamos assim, daquele que é considerado um dos maiores cronistas do País (atuando na FSP).
E praticamente sem nenhum político por perto; um dos poucos seria o prefeito Eduardo Paes, que precisou desmarcar em cima da hora, ali representado pelo secretário Marcelo Calero, atento a todos os discursos, fosse de quase uma hora e meia, como o de Antônio Carlos Secchin, ou mais curto, como do homenageado.
Enquanto isso, além de muitos intelectuais, comidinhas e bebidinhas sem cessar: E como disse uma jornalista (eram muitas) ao garçom: “Foie gras é como certas drogas, se interrompido bruscamente provoca mal estar. Fica por perto”. Que tal?
E nesse vaivém, o suor: você parava para uma tacinha com alguém querido, o suor; você abraçava o seu intelectual preferido, o suor; você se declarava a quem ama muito e vê tão pouco, o suor. Que importância isso tem, sendo a noite do Ruy Castro?