A última e rápida aparição de José Luiz de Magalhães Lins, morto nesta sexta (03/02), aos 93 anos, em casa, na Rua Icatu, foi no casamento do filho João Paulo (uma das suas paixões), no dia 11 de dezembro do ano passado, com Michele Pin. Quem chegou depois desse momento, ao saber que ele esteve na festa, ficou triste por não vê-lo. Sempre existiu essa, digamos, curiosidade, entre os amigos dos filhos, de querer conhecê-lo, pela grande fama de mecenas nos anos 70, quando foi diretor do Banco Nacional, tanto quanto pela fantasia de que ninguém jamais conseguia vê-lo. Ele também foi grande apoiador do Cinema Novo e bancou diversas produções que marcaram a história e a vida do País,
José Luiz ajudou grandes empresas brasileiras e, como diretor-executivo do Banco Nacional, foi avalista de um empréstimo ao empresário Roberto Marinho, considerado fundamental para os primeiros passos da TV Globo. Apaixonado pelas artes, pela literatura, pelo cinema, pelo jornalismo, mostrava seu apreço com patrocínios. Financiou, por exemplo, as editoras Nova Fronteira, de Carlos Lacerda, e Civilização Brasileira, de Enio Silveira. Apoiou jornais, como o “Pif-Paf”, de Millôr Fernandes, e “A Última Hora”, de Samuel Wainer, maior opositor de Lacerda, ou seja, isso não era assunto dele. A escritora Danuza Leão (1933-2022), ex-mulher de Wainer, certa vez, precisou ir ao seu escritório no Centro, e jamais esqueceu o tamanho da pilha de duplicatas avistada ali.
José Luiz sofreu dois grandes golpes na vida, e não foi financeiro, com a morte do neto, Luca Magalhães Lins, 3 anos, em 2011 (no acidente de helicóptero que levava convidados para a festa de aniversário do empreiteiro Fernando Cavendish na Bahia), e do filho, Zé Luca (pai de Luca), em 2012, de um câncer no cérebro. Talvez ele nunca tenha se recuperado. Os outros filhos são Ana Cecília, Maria Cristiana, José Antonio e João Paulo, do seu único casamento com Nininha Nabuco, neta do abolicionista Joaquim Nabuco. Perde o Brasil um grande homem, com postura e compostura.