Se você viu, em sua timeline, a imagem de vestidos com cabeças de leões, lobos e onças na altura dos ombros, modelos monocromáticas com corpos pintados da cor da roupa, deve saber que foi mais uma edição da Semana de Alta-Costura de Paris. O evento foi marcado por desfiles polêmicos, festivos e muito luxo nas passarelas, em quatro dias.
Separei algumas imagens:
Schiaparelli — Nada teve mais repercussão do que o desfile assinado pelo diretor criativo Daniel Roseberry, que apresentou uma coleção em que modelos, dentre elas, Naomi Campbell, desfilaram carregando figurativas cabeças de animais: leão, lobo e onça. A ideia não foi bem aceita em tempos de preservação ambiental e proteção aos animais, quando o conceito de elegância está atrelado a pautas de sustentabilidade. Em sua defesa, a grife disse que a criação foi inspirada no clássico “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, em referência aos três animais que estavam no inferno, esperando a chegada do protagonista – não colou. A Peta (People for the Ethical Treatment of Animals) postou, nas redes sociais, sua indignação com a proposta do estilista, de mau gosto, e uma alusão à taxidermia (técnica para empalhar um animal morto) ou à caça cruel a esses animais. Vocês podem imaginar – e muitos participaram – as discussões inflamadas. Foi realmente lamentável, o que prejudicou a beleza do desfile, que tinha looks excepcionais com os clássicos da grife.
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Viktor & Rolf – a dupla fez um desfile irreverente e inesperado no Salon Opera, dentro do Hotel Intercontinental, sempre com uma veia inconformista, mostrando lindos vestidos de baile extremamente bem feitos, de uma forma impactante, que causou surpresa em todos. Depois de desconstruir a alfaiataria no último desfile, os estilistas fizeram o mesmo com o look debutante com peças “vestidas” em ângulos inusitados, de ponta-cabeça, na vertical, enfim, de várias maneiras. No fim, a noiva foi tradicional, tudo no seu lugar, com saia ampla de tule, corpete e aplicações de brilhos no decote.
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Dior – a grife teve lindos looks em tecidos nobres e muito bem realizados, inspirados em figurinos da artista Josephine Baker em seu show em NY, de 1951. O desfile, assinado pela diretora criativa Maria Grazia Chiuri, foi uma homenagem às mulheres negras, com cenário de fotos com grandes nomes da cultura negra, assinado pela artista Mickalene Thomas e executado pelo atelier Chanakya.
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Mugler – como tradição, foi o desfile mais festivo da semana, em La Villette, com elenco inclusivo e fabuloso, com modelos trans – além das supermodelos Eva Herzigova, Shalow Harlom, Amber Valleta e Irina Shayk -, muita música e uma coleção sexy e moderna. Ausente dos desfiles presenciais desde o início da pandemia, a Mugler retomou o presencial e fez uma homenagem ao fundador Thierry Mugler, que morreu dia 23 de janeiro de 2022, aos 73 anos. O estilista americano Casey Cadwallader foi o encarregado de reviver a marca nos últimos 10 anos, tirando-a do ostracismo.
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Valentino – Pierpaolo Piccioli fez um belíssimo desfile numa boate parisiense, para dar um clima de alta-costura e clubinho pós-punk, no melhor estilo underground 1980, com figurinos maravilhosamente femininos, que agradaram à imprensa e a clientes da marca. Para dar o clima, a grife convidou o músico Andrew Butler para a curadoria. Outra atração foram os convidados da fila A: Anne Hathaway, Sam Smith, SUGA, do grupo de K-Pop BTS, Kylie Minogue, Doja Cat e os brasileiros Marina Ruy Barbosa, Enzo Celulari e GKay.
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Alexandre Vauthier – o lindo desfile do estilista, no Boulevard Lefebvre, no 15º “arrondissement”, foi rico em detalhes, com looks sexy e surpreendentes nos cortes e material usado. A grife, uma das poucas parisienses independentes, faz um trabalho incrível na moda internacional. No final, olhos para uma revelação: Iris Law, filha de Jude Law e Sadie Frost, de 22 anos, em sua estreia na alta-costura, usou um vestido de veludo com detalhes em lantejoulas “trompe l’oeil”, mangas enormes e ombros descobertos. Na realidade, a estreia como modelo foi aos 2 anos, quando posou com os pais para as páginas da “Vogue” britânica e, em 2016, numa campanha da Miu Miu.
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Chanel – o desfile assinado por Virginie Viard foi um descontraído retrato de um trabalho impecável de continuidade do DNA da marca e de Karl Lagerfeld. Os figurinos em tweed, tecido fetiche da marca, ganharam um clima mais jovem e sempre muito elegante num cenário com enormes bichos em madeira assinados pelo artista Xavier Veilhan, de onde saíam as modelos. Tudo impecável!
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Iris Van Herpen — deslumbrante a apresentação em vídeo da coleção assinada pela artista Julie Gautier. Qualquer palavra fica pequena perto das imagens. Dá o play!
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