Os moradores do Leme vivem reclamando de uma língua negra desaguando na praia, ainda mais quando chove frequentemente. A dúvida é se eram das galerias pluviais ou de esgoto mesmo, até pelo cheiro horrível. Para solucionar o mistério, a página “Vizinhos do Leme”, administrada pelo publicitário Ricardo Aragão, tomou providências e mandou, por conta própria, fazer uma análise: é esgoto.
O resultado foi comprovado pelo Laboratório de Hidrobiologia da UFRJ, através do professor Rodolfo Paranhos, doutor em Ciências Biológicas. “Vocês fizeram uma coisa muito legal, que é a população buscando informações do poder público, buscando melhorias. O que me atraiu como acadêmico foi o fato de interagir com a população interessada em resolver os problemas. Isso é o ápice do meu trabalho”, disse Rodolfo.
“Me desculpa contrariar os vizinhos que diziam ser águas pluviais, mas é cocô mesmo”, diz Ricardo. “Segundo a análise, temos 1 milhão de coliformes fecais por 100 mililitros, ou seja, mil vezes do dito como impróprio. O normal é 10 elevado a 3; está 10 elevado a 6”, explica.
Segundo a concessionária Águas do Rio, as “línguas negras” são previstas em situações de chuvas excepcionais.
O biólogo Mario Moscatelli já disse, aqui na coluna, que as línguas negras de Copacabana são históricas, “com seus eternos problemas associados com o esgoto. Tem que fazer levantamento de quais são as fontes poluidoras, a partir de ligações clandestinas, e neutralizá-las. Entra ano, sai ano, tudo continua na mesma, com curtos períodos de melhora, e sempre com a recomendação de não encarar o mar após as chuvas, pelo menos, por 48 horas. Imagine uma cidade turística com esse tipo de alerta!?”
Segundo a Águas do Rio, que atua com o Inea no combate a lançamentos irregulares de esgoto na rede de drenagem, somente na Zona Sul, foi coibido o deságue de 13 piscinas olímpicas de esgoto nos rios, córregos, mangues, canais e praias. Que tal?