Depois de expectativas lá no alto, o bloco Timoneiros da Viola não vai mais desfilar — estava agendado para 12 de fevereiro, com concentração ao meio-dia, na Praça Paulo da Portela, em Madureira, mas, por falta de patrocínio e outros motivos, ficará mais um ano suspenso. O bloco foi fundado em 2012 pelo escritor Vagner Fernandes, em homenagem à obra e ao compositor Paulinho da Viola, o cofundador. “Para tristeza de dezenas de milhares de foliões e a felicidade de meia dúzia, mas são eles que têm o poder e o dinheiro. Está difícil, está exaustivo, está um saco, e não faço nada por obrigação. Adoraríamos celebrar os 80 anos do Paulinho, como fizemos em seus 70. Enquanto não houver uma política de Estado voltada para a preservação do carnaval de rua com investimento igual nas regiões, continuaremos a discutir as mesmas questões”, desabafou Vagner.
Até antes da pandemia, o bloco desfilava, com o homenageado e seus convidados (Monarco, Nelson Sargento, Teresa Cristina, Tia Surica etc.), pelas ruas de Madureira, arrastando mais de 200 mil pessoas. No início de janeiro, Vagner deu indícios de que o bloco poderia sair, mas dependia de patrocínio, que só teve nos dois primeiros anos; no restante, o grupo passou o chapéu a amigos empresários e admiradores. Com o crescimento do bloco, a produção ficou mais complicada, já que é preciso segurança além dos órgãos públicos, contratação de trio/palco, alimentação para os músicos da bateria (mais ou menos 150 integrantes), transporte, participações especiais sem cachê, decoração etc. “Em meio a uma crise financeira e muita gente com vulnerabilidade alimentar de norte a sul do Brasil, consideramos total falta de bom-senso fazer vaquinha para uma festa de bloco”, completou Vagner, citando que o Timoneiros já sofreu, e ainda sofre, todos os tipos de boicote, desde apoio de cervejarias a de artistas, produtores e políticos.
“Não soframos. Os anos estão passando a 100 km/h; aguardemos, pois 2024 é logo ali. Carnaval, como já disse, é igual ao Enem: todo ano tem. Mas uma coisa é certa: muito mudaremos no Timoneiros (ou quem sabe um outro projeto) na próxima folia. Deixarei vocês, por enquanto, roendo as unhas”, finalizou..