Bem próxima à Praia do Flamengo, na Rua Corrêa Dutra, n° 43, foi construída, em 1904, uma mansão em estilo eclético, com ares de minipalácio carioca.
Em seus quase 120 anos de história, duas famílias moraram no local. A segunda família que habitou o casarão, a partir da década de 1920, era um casal e seis filhos. Uma dessas filhas, dona Lili, permaneceu no imóvel a vida toda, até morrer, em meados da década passada, com 104 anos.
Como seus cinco irmãos não tiveram filhos, ela acabou herdando as partes da mansão de cada um quando eles morreram, transformando o casarão de mais de 600 m2 e seis quartos no seu museu particular de objetos raros e lembranças. Dona Lili sempre recusou todas as propostas de compra do imóvel que foram feitas ao longo de décadas. Antes de partir, como não tinha filhos nem sobrinhos, ela doou a mansão, com tudo o que tinha dentro, a um asilo que resolveu alugar o bem para gerar renda. Por algum tempo, a casa foi usada para pequenas comemorações antes de se tornar o restaurante Villa Rio, que preservou totalmente a casa de dona Lili como era no início do século passado. O nome surgiu pela semelhança de parte da casa com a de uma vila (com entrada estreita e arcos) e o complemento Rio por ela simbolizar os anos dourados da nossa cidade.
Visitei o local e tive uma grata surpresa de ver os cômodos com seus vitrais, sancas, lambris, portas, maçanetas, lustres e tudo que remete ao passado totalmente preservados. Almoçar no Villa Rio foi uma experiência de reencontro com o Rio Antigo. Os clientes podem optar por fazer as refeições no eterno jardim arborizado de dona Lili ou num dos cômodos do segundo andar da casa. A antiga garagem virou um espaço para as crianças, e a casa nos fundos, com tijolos aparentes em sua fachada, um depósito e local para os funcionários.
Um corredor com mais de 50 metros ininterruptos liga as três janelas frontais até o último dos quartos. Recomendo uma visita aos admiradores da arquitetura antiga. O Villa Rio abre de terça a domingo, das 11h30 às 23h.