Pelas contas preliminares do biólogo Mario Moscatelli, foram mais de 30 toneladas de peixes mortos no Canal de Marapendi, na Barra, nesta sexta (13/01). O que acontece pela diminuição do oxigênio na água com o despejo de esgoto. Com as últimas chuvas, a concentração de material jogado nos rios aumentou, indo parar nas lagoas e canais e as altas temperaturas também contribuem para a decomposição do esgoto nas águas, roubando o ar e sufocando os peixes. “Parece até ‘pragas do Egito!’ Mas são 40 anos de descaso sendo essa a resposta da natureza. Temas como saneamento e ordenação do uso do solo nunca foram muito queridos no Rio. O negócio sempre foi faturar sem prestar um serviço de qualidade. Denuncio a situação desde 1992 cobrando ação das autoridades porque o sistema todo funciona no ou muito além do limite e quando ocorre algo mais, aí acontecem as mortandades”, diz Mario.
A maioria das espécies mortas são savelhas, segundo Mario, peixe extremamente vulnerável. “A grande expectativa é que tenhamos intervenções programadas nos próximos cinco anos nas lagoas da região e na ampliação e recuperação do sistema de saneamento que esse tipo de situação dramática do ponto de vista ambiental, passe a ser apenas lembrança das décadas de descaso que mutilaram um dos maiores patrimônios econômicos e ambientais da cidade”, diz ele, completando que, assim como as 301 toneladas de gigogas retiradas da Barra, na última semana, sobrou para os funcionários da Comlurb, “que não têm uma vida fácil numa cidade que se especializou em degradar o que tem de melhor: seu ambiente”.