“Há algo errado no paraíso… É muito mais que contradição”. A letra de “Fui eu”, do Paralamas do Sucesso, é fato. Em qualquer outro lugar ganha-se dinheiro com ecoturismo de observação de espécies, como capivaras e jacarés, animais que temos em abundância. Por aqui, apedrejamos e geralmente encontramos os animais mortos por causas desconhecidas — como aconteceu com uma delas na Lagoa Rodrigo de Freitas, com o focinho sangrando depois de uma pedrada, e com o réptil no sistema lagunar de Jacarepaguá, morto por um anzol que ficou agarrado na mandíbula.
Em outros lugares, paga-se U$ 10 (mais ou menos R$ 60) para ter contato com os animais que, por aqui, vemos de graça. Pois é, nenhum lugar é perfeito, mas têm coisas que abusamos pela falta de civilidade básica com as demais espécies que sobraram ao contato humano. Um dia, quem sabe, se der tempo, vamos aproveitar o que temos de melhor: nosso meio ambiente.
Onde poderia haver ecoturismo, geração de empregos, impostos e oportunidades, só se observam degradação e mutilação do ambiente. Não há a menor dúvida de que há algo errado no paraíso da beleza e do caos. Será que vai dar tempo para reverter todo esse comportamento irracional com o ambiente?
Francamente, não sei, mas temos de avançar!
Neste sábado (28/01), recebi do meu estagiário imagens dos parques do estado da Flórida, com sua exuberante fauna, bem como o quanto a turma fatura com o ecoturismo. Por um lado, fico feliz com o resultado do gerenciamento local, mas, por outro, amargurado em reverter o atual quadro.
Observando o comportamento de algumas pessoas (e são muitas), percebe-se que, independentemente da classe socioeconômica ou do nível educacional, o que predomina é uma relação predatória ao ambiente. Por não gerenciarmos minimamente os recursos naturais — fruto da falta de vontade e, muitas vezes, de conhecimento —, partimos para o extermínio.
Vejo exemplos disso a todo momento. São sobras retóricas e estudos que não geram nenhuma ação ou reação efetiva para a proteção e aproveitamento racional dos recursos naturais que resistem.
Ainda não existe a visão do quanto poderíamos ganhar e do quanto continuamos perdendo em termos econômicos e de qualidade de vida numa cidade que se vende turisticamente, muitas vezes, por conta de seu patrimônio ambiental em franco declínio.
O lema continua sendo resistir, proteger e recuperar, com a expectativa de que toda essa histórica degradação seja apenas um processo de amadurecimento cultural que nos conduza a algo melhor. O futuro dirá.
Vídeo de uma capivara mansa num dos parques da Flórida:
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