O ator Vandré Silveira e o diretor André Paes Leme estrearam o monólogo “A Hora do Boi”, nessa quinta (12/01), no Teatro Poeirinha, em Botafogo. O projeto, com argumento do ator, texto de Daniela Pereira de Carvalho e produção de Caio Bucker, cuja ideia surgiu há uns cinco anos, narra a história de Seu Francisco, um tratador e capataz de matadouro que se encontra numa encruzilhada ao criar uma relação de amizade e afeto com Chico, boi nascido e criado sob seus cuidados que, um dia, deverá ser abatido. “É um espetáculo sobre o afeto. Um afeto que começa na busca artística de Vandré, um ator de entrega absoluta na pesquisa corporal para dar vida ao boi Chico e ao tratador, um homem rude, solitário… O destino fez com que seu Francisco amasse Chico, o boi que salvou e que terá que matar. Um conflito inusitado com um final surpreendente”, diz o diretor.
No início das pesquisas, Daniela encontrou uma notícia que determinou todo o desenvolvimento do texto: em 2018, um boi foi visto na praia de Stella Mares, em Salvador, que escapou de uma feira de agronegócios e ficou desaparecido durante cinco dias. “Essa fuga real do boi, que estava aprisionado, para o mar, foi uma imagem determinante na narrativa”, disse ela.
Vandré é muito ligado em causas animais; em sua sala, até tem um bebedouro de pássaros que entram e saem pela janela. Da mesma forma, vários convidados do espetáculo são ligados no assunto – na saída, tinha uma grande imagem de madeira e santinhos de São Francisco de Assis, o protetor dos animais, cujas histórias serviram de inspiração para o texto. “Acredito neste diálogo com a humanidade. Precisamos falar sobre empatia entre as pessoas, pela natureza, pelos seres que habitam esse universo. Em tempos tão rudes, é urgente ir ao encontro do afeto”, diz o ator.