Algumas frases na coluna entre janeiro e dezembro de 2022:
Da editora Isabel Diegues, filha de Nara Leão, sobre o sucesso do documentário “O canto livre de Nara Leão”: “Não temos o costume de celebrar nossas próprias riquezas. Se prestássemos mais atenção em nós mesmos, na nossa cultura, nas incríveis figuras que o Brasil produz e produziu, talvez não estivéssemos na lama que estamos hoje”.
Do humorista Hélio de la Peña, embaixador do Instituto Apontar (que descobre e ajuda crianças e adolescentes superdotados de famílias carentes), sobre o lema da sua vida: “Me armando de livros, me livro das armas”.
Da atriz Virginia Cavendish, que teve covid no fim de 2021: “Fico pensando em tantas outras vidas tão únicas e que se foram. A incógnita de como seu corpo vai reagir é assustadora. Vivenciar o vírus dentro de você, fazendo estragos no seu corpo, é doido. A natureza está pedindo a conta do que estamos fazendo com ela. E parece que todos nós vamos pagar por isso”.
Do engenheiro David Zylbersztajn, judeu e filho de imigrantes do Holocausto, sobre o caso do youtuber Bruno Aiub, o Monark, que fez apologia ao nazismo (razão de sua saída do “Flow”, canal que ele ajudou a fundar): “Nossas crianças precisam conhecer o que foi o horror das guerras e o horror do Holocausto, para que nunca sejamos ameaçados pela apologia do que nunca foi uma ideologia ou um partido político, e sim uma política de extermínio de seres humanos. A liberdade tende a ser infinita, enquanto não atentar contra a vida”.
Do empresário João de Orleans e Bragança sobre as enchentes em Petrópolis, fundada por seu trisavô, Dom Pedro II: “O maior desgosto é ver que dificilmente a classe política vai se modificar — temos o mesmo do mesmo há décadas e há séculos. Mesmo na época do Império, a classe política já era a favor da escravidão. No entanto, se quiser, o brasileiro tem força pra mudar porque os políticos não olham para o futuro, só para o presente e são os grandes culpados dessa tragédia. Não pensam e não querem queimar dividendos, tendo que remover a população desses lugares”.
De Ludmilla Soeiro, chef autodidata que inaugurou o restaurante Malkah, em março, no Jardim Botânico: “Um motorista gritou: ‘Sai daí, sua gorda!’ Já magra, outro grita: ‘Sai daí, sua velha!’ Gente, vamos ser gente que vive sem machucar e amar sem cobrar. Ser gorda, magra, nova, velha, para o que é que servem essas ‘opiniões’ que nada constroem?”.
Da jornalista Glória Maria em discurso no almoço-debate “A conquista dos direitos das mulheres”, do Líderes-RJ, em maio. “As mulheres já têm poder, só falta o direito de exercitá-lo e, por isso, a gente tem que discutir o lugar da mulher, colocar a mulher nos espaços de liderança”.
Do advogado Helinho Saboya sobre o discurso de Augusto Aras pelo Dia Internacional da Mulher (08/03) que, entre coisas, disse ‘tem o prazer de “escolher a cor da unha e o sapato’”: “Fica a impressão de que Sua Excelência traduz como essência da alma feminina (ou ‘seu mais profundo sentido’) o livre arbítrio entre um esmalte fúcsia da Coty, um perolado Monange ou um glitter da Risqué”.
Do rabino Nilton Bonder, que acaba de lançar “Cabala e a arte de apreciação do afeto: Apreciando o desejo, a percepção, a motivação e o vínculo” (eBook): “Conhecemos muito pouco sobre nós mesmos; algo que deveria ser currículo das escolas. Ser inteiro, para nós, humanos, definitivamente, não é para iniciantes!”.
Da jornalista Cristina Fibe, autora do livro “João de Deus — O abuso da fé”, sobre as vítimas do médium, que está em prisão domiciliar e se casou com a advogada Lara Cristina Capatto em maio: “Por causa da notícia do casamento de João de Deus, algumas sobreviventes me procuraram, tristes, frustradas e por vezes aos prantos. A sensação de muitas delas é a de que falta reparação, de que fizeram tudo o que fizeram — expuseram-se, repetiram relatos que as machucam, sentiram medo e vergonha — à toa. É um tapa na cara”.
Do ator Nelson Freitas, intérprete de Eike Batista em “Eike — Tudo ou nada”: “A história dele não cabe num longa. Depois que a gente vai conhecendo mais profundamente, consigo destacar a audácia e a coragem. A pior coisa de interpretá-lo foi a angústia de compor a derrocada”.
Do advogado André Perecmanis sobre o caso Genivaldo de Jesus Santos, morto por asfixia num carro da PRF no fim de maio, e as circunstâncias da abordagem por agentes públicos: “Essa realidade escancara, a nosso ver, a seletividade de todo o sistema penal brasileiro, concebido e implementado como um instrumento de manutenção de privilégios e exclusão”.
Da advogada Juliana Brizola, deputada estadual e líder do PDT na Assembleia Legislativa do RS, sobre mulheres na política: “A predominância masculina é de natureza estrutural e não ocorre apenas na diplomacia. Os homens têm acesso a cargos de poder e a salários maiores do que mulheres com as mesmas qualificações. Passou da hora de o Itamaraty se libertar dessa ‘saia justa’, dessa posição embaraçosa”.
Da atriz Sylvia Bandeira, sobre Jô Soares, seu ex-marido na década de 1980: “Faz muito tempo que fomos casados, mas ele ficou extremamente marcado em minha vida — pelo humor, inteligência, generosidade. Em qualquer circunstância, ele era a estrela porque chamava atenção por tudo que sempre foi”.
Do rabino Nilton Bonder sobre o tema do livro, “Cabala e a arte de investimento do poder”: “Tanto o eleitor quanto o eleito não sabem lidar com o poder. Solto sem anteparos, o poder apenas avança sobre o que é débil e tímido. O eleito, se for de boa índole, irá buscar transparência para que lhe auditem o quanto for possível. Qualquer outra atitude é ingênua, tanto da parte do eleitor como da do eleito”.
Do cientista político Mauricio Santoro, professor da UERJ, sobre a transferência da faixa presidencial no dia da posse do novo presidente e o silêncio de Bolsonaro depois de perder as eleições: “Não há nenhuma obrigatoriedade jurídica; é só a tradição, um protocolo, mas o silêncio é preocupante. O normal é que, na mesma noite da eleição, o candidato faça um discurso reconhecendo a derrota e parabenizando quem venceu. Isso aumenta a preocupação de que Bolsonaro vá tentar algum tipo de reação para não aceitar os resultados”.
De Joel Birman, psicanalista e escritor (vencedor de três prêmios Jabuti), sobre o governo Bolsonaro: “É necessário que o país restabeleça a ordem democrática plena e que possamos ser cuidados para garantir os exercícios das liberdades como condição fundamental para curar essa patologia social e esta condição de barbárie promovida pelo bolsonarismo”.
Da pneumologista Margareth Dalcolmo, sobre a nova variante que surgiu e tem circulado desde outubro: “A vacina que nós todos precisaremos tomar é a nova Bi-valente, que já está sendo aplicada em países europeus e nos Estados Unidos; no Brasil, ainda não”.
De Ricardo Brajterman, advogado e Conselheiro do Instituto Brasil Israel, sobre a atitude de Regina Duarte em estimular o boicote à estabelecimentos comerciais da esquerda: “A atitude de Regina Duarte é abjeta e repugnante. Demonstra que essa senhora abandonou a poesia e a arte da outrora consagrada e amada atriz, para se filiar a práticas nazistas da segregação, preconceito, que sempre acabam em perseguição, violência e aniquilação de seres humanos”.
De Cristine Paes, primeira-dama do Rio e presidente da ONG RIOInclui, sobre seu marido, o prefeito Eduardo Paes: “Não me acostumei com o ritmo do Eduardo. Desde de que eu o conheci, ele já era assim. E aqui em casa, não tem essa de ‘eu cuido da casa e ele, da cidade’. Na verdade, eu ajudo o Eduardo a cuidar do Rio”
Da psicanalista Cynthia Bezerra sobre os balanços de fim de ano: “Cuidemos para que metas e estratégias, de preferência estejam a serviço de alguma saúde mental ou, pelo menos, não contra. Tudo isso é um cuidado consigo. De resto, é preciso entender que a vida é a arte do possível”.