O historiador da arte Júlio Bandeira lançou o livro “Ender e o Brasil” (Capivara), nessa terça (13/12), na Travessa do Shopping Leblon. Antes dos autógrafos, Júlio e o editor Pedro Corrêa do Lago conversaram sobre a produção do livro, de 728 páginas, quase 6 kg, com mais de 1.000 ilustrações, sendo 300 inéditas. Alguns convidados, que pretendiam levar dois ou mais exemplares, deixaram para comprar em outro momento, ou teriam de carregar 12 quilos.
No livro, consta toda a produção do artista austríaco Thomas Ender (1793-1875) em sua passagem pelo Brasil, quando atuou como correspondente para a corte austríaca – ele foi enviado especial de Francisco I, pai da imperatriz Leopoldina. Na mesma época, outros dois grandes artistas visuais que vieram ao nosso país, no início do século XIX, eram bastante conhecidos: Rugendas e Debret. “A grande diferença entre Ender, Debret e Rugendas, e aí está a particularidade dele, é que não foi editado nenhum álbum iconográfico na sua época – era como um fotógrafo registrando os lugares por onde passava. Como Debret e Rugendas publicaram seus livros ainda vivos, tornaram-se muito conhecidos; Ender, não. Nunca pensei em conseguir transformar tão bem a história da arte em ‘secos e molhados’”, explica o autor.
“Recordo a primeira vez que vi uma aquarela de Ender, quando perguntei estarrecido: ‘Quem é esse artista?'” Era como se eu estivesse olhando uma coisa completamente nova”, completa Júlio, que recebeu dezenas e dezenas de amigos na livraria, com a nova namorada, a estilista Naná Paranaguá.
Um dos óleos inéditos do livro mostra o Outeiro da Glória pintado sobre marfim. A peça ficou na Itália e está lacrada, emoldurada em laca negra de Veneza, com vidro, para dar efeito de ampliação. Segundo Bandeira, tudo leva a crer que foi pintado em 1819, para a irmã de Leopoldina, a ex-imperatriz dos franceses Maria Luisa.