Adalberto Cândido, o seu Candinho, de 84 anos, de terno debaixo do sol desta terça (22/11), ficou muito emocionado com a homenagem ao pai, João Cândido, o Almirante Negro, líder do movimento Revolta da Chibata, na inauguração da estátua revitalizada e reposicionada para ganhar mais visibilidade. O monumento deixou a Praça XV, onde ficava atrás da estação do VLT, e passou a ocupar um espaço 300 metros adiante, na Praça Marechal Âncora, de frente para o mar. “A estátua ficou escondida depois que foi construído o terminal do VLT. Os moradores de rua tiraram até a placa de identificação do monumento, mas agora, sim! Meu pai foi muito perseguido pela Marinha, e agora esse reconhecimento deixa a todos nós, da família, muito orgulhosos”, diz seu Candinho.
A mudança foi feita em duas etapas: depois de transferido, o pedestal ganhou revestimento em granito e uma placa informativa. A figura em bronze, em tamanho natural, é assinada pelo artista Valter Brito e passou por limpeza e aplicação de resina protetiva. “A estátua de João Cândido ganhou uma base menor e se transformou num monumento interativo, onde as pessoas podem se aproximar e tirar fotos ao seu lado. O Almirante Negro, agora, ocupa um lugar de honra”, diz Anna Laura Valente Secco, secretária de Conservação.
Filho de negros escravizados, João Cândido Felisberto nasceu em 1880 e entrou para a Marinha aos 14 anos. Foi chamado de Almirante Negro depois de liderar o primeiro levante da Revolta da Chibata, que tomou o encouraçado Minas Gerais, uma das embarcações militares atracadas na Baía de Guanabara. João Cândido foi preso, chegou a ficar internado em um hospício e acabou expulso das Forças Armadas. Demitido de vários empregos por pressão de oficiais da Marinha, terminou seus dias como pescador e vendedor de peixes. A música “O mestre-sala dos mares”, de Aldir Blanc e João Bosco, faz homenagem a João.