Alô, cariocas: fechado desde 2010, o Canecão, em Botafogo, vai reabrir. Nessa quinta (17/11), a UFRJ e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciaram os planos para a tão amada casa de espetáculos. Não há previsão da data de reabertura, mas o edital de licitação para interessados da iniciativa privada deve ser lançado até o fim de dezembro.
A ideia é criar um espaço multiuso, com foco nos shows, mas que sejam construídos dois anexos que funcionariam como teatro e sala de exposições com entradas independentes.
O mural pintado por Ziraldo será preservado e totalmente restaurado pela Escola de Belas Artes da UFRJ – o painel tem 32 metros de comprimento por seis metros de altura, é conhecido como “A Santa Ceia Carioca”, pintado em 1967.
Alguns fatos históricos:
— foi fundando em 1967, pelo empresário Mario Priolli, como uma grande cervejaria – por isso o nome “Canecão”, em projeto foi do arquiteto José Vasquez Ponte;
— começou a ficar famoso nacionalmente em 1969, depois do show histórico de Maysa, o retorno da cantora aos palcos depois de passar pelos EUA;
— Nos anos 1970, Roberto Carlos fez seu primeiro grande show ali, além de receber nomes como Chico Buarque, Elis Regina, Clara Nunes, Gonzaguinha, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Toquinho, Miúcha, o balé francês do Moulin Rouge, e outros;
— Nos anos 1980, o rock nacional invadiu o Canecão, com atrações como o Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, RPM, Engenheiros do Hawaii, entre outras;
– de olho no status da casa, o cantor Elymar Santos chegou a alugar o espaço para se apresentar em 1986, gastando uma fortuna (empenhou um apartamento e um carro, seus únicos bens), mas conseguindo a projeção que pretendia;
– Em meados dos anos 2000, a banda Los Hermanos lotava o espaço e, 2009 passou a ser administrado pela UFRJ.
Curiosidade: em 2011, Mario Priolli, morto em 2018, doou todo o acervo do Canecão ao Instituto Ricardo Cravo Albin – eram 24 caixas de documentos, filmes e fitas sonoras, além de 15 mil fotografias que testemunham quatro décadas de história da MPB. Também foram gravadas em áudio algumas apresentações como a montagem do espetáculo “Cats”, e a performance do pianista americano Bill Evans, pouco antes de sua morte, em 1980. Entre os documentos, há registros históricos como os cortes feitos pela censura no texto da peça “Deus lhe Pague”, de Joracy Camargo, cuja adaptação feita por Millôr Fernandes, com composições de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, foi apresentada em 1976.