No Dia da Consciência Negra (20/11), a música “Olhos Coloridos” (1970), composição de Macau, conhecida na voz de Sandra de Sá e considerada um hino da luta contra o racismo, será tema de um painel no muro do Colégio Municipal Monsenhor Rocha, na Penha, com show do autor no dia da inauguração, às 14h.
A homenagem é dos grafiteiros Cynthia Dias (Cynthia Aith), Fábio Cesário (Binho Banal) e Marlon Fernandes (Marlon Chapeleiro), que ficaram admirados com a história de como a canção surgiu. Nascido na favela da Praia do Pinto, hoje a Selva de Pedra, no Leblon, Macau estava num evento escolar, no Estádio de Remo da Lagoa, quando foi levado à coordenação, sem maiores explicações: “Fui chamado de ‘nego abusado’, agredido com palavras e força física, zombaram da minha cor, da minha pele, do meu cabelo e da minha roupa, riram até do meu sorriso. O impressionante é que o policial também era ‘sarará crioulo’. Fiquei horas no camburão, com outras pessoas, como se fôssemos lixo. Só de madrugada, fui liberado. Saí dali triste e revoltado, chocado e com forte depressão; olhos coloridos foi por estarem vermelhos, de tanto chorar”, conta.
A escola fez uma parceria com a ONG Liga do Bem, qua atua também na Penha e faz um trabalho com foco no orgulho negro. Eles têm um grupo de percussão e coral que canta “Olhos Coloridos” sempre no Dia da Consciência Negra e convidam Macau para os eventos. O projeto é uma retribuição às participações anuais do artista, que completou 70 anos em 2022. Obviamente, Sandra de Sá está representada no mural, na época em que fez sucesso com a música, na década de 80.