Depois do resultado das eleições, metade do País ficou aliviada e alegre e a outra ficou triste, decepcionada ou até com raiva.
Em uma situação como essa, o maior desafio talvez seja ter um diálogo saudável, de forma respeitosa, com quem pensa diferente — ouvir e aceitar a opinião do outro, sem cair na agressividade.
Segundo o psicólogo americano Marshall Rosenberg, criador da Comunicação Não Violenta (CNV), a violência costuma ser “a expressão trágica de necessidades não atendidas” — com exceção dos indivíduos que prejudicam ou machucam os outros pelo simples prazer de feri-los.
O que pude observar, ao longo dos últimos 12 anos trabalhando com comunicação e gestão de conflitos, é que a maior necessidade de todas as partes durante uma discussão costuma ser a empatia: as pessoas precisam se sentir ouvidas e compreendidas.
Marashall também dizia que as necessidades, muitas vezes, precisam ser reconhecidas, mais do que atendidas. Por exemplo, se você precisar de segurança e liberdade, o simples fato de uma pessoa mostrar que compreende você já pode gerar uma sensação de satisfação e alívio, mesmo que ela não possa lhe oferecer segurança nem liberdade naquele momento.
Demonstrar empatia é o que conecta e acalma os ânimos quando as emoções estão à flor da pele. É capaz de desarmar qualquer um e fazer milagres nos relacionamentos.
A dificuldade surge quando ambas as partes precisam de empatia porque estão sofrendo ou estão com muito medo. Nesses casos, o cérebro de quem está passando por algum sofrimento costuma ter mais dificuldade em oferecer empatia para o outro. Para conseguir, exige treino, autoconhecimento e hiperconsciência durante o conflito.
Conhecer os seus gatilhos é fundamental; geralmente, correspondem aos seus valores. Para identificá-los, você pode se fazer as seguintes perguntas e escrever as respostas num caderno:
1. O que me tira do sério? Mentira, injustiça, traição, falta de honestidade…?
2. O que eu não suporto?
3. O que eu mais temo na vida?
Para evitar um desgaste nas suas relações nos próximos dias, procure respirar fundo e contar até 10 antes de escrever ou responder a qualquer pergunta quando o assunto é política. Às vezes, o silêncio pode ser a melhor resposta. Procure desacelerar e tomar o tempo de que você precisa para responder. Se não for algo urgente, peça um tempo para pensar. Ou você pode, também, responder com uma pergunta, para demonstrar sua intenção de compreender o outro e dialogar de forma pacífica.
Essa estratégia faz parte do método de comunicação empática que eu criei: o “Método Conecta”, que vale para qualquer assunto delicado e desafiador.
Experimente e me conte!