Que tipo de imagem vem à sua mente quando você pensa em violência doméstica?
Provavelmente, uma cena de violência física, em que um homem bate em uma mulher, não é?
Na realidade, a violência física é apenas uma das cinco formas de violência sofridas de forma constante por milhares de mulheres – e homens:
1. Violência física
“É qualquer ação que ofenda a integridade ou a saúde do corpo, como bater ou espancar; empurrar, atirar objetos na direção da mulher; sacudir, chutar, apertar; queimar, cortar, ferir.”
2. Violência psicológica
Conforme a Lei nº 13.772/18, é “qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima, prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir, ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.”
“As violações psicológicas incluem xingar, humilhar, ameaçar e amedrontar; tirar liberdade de escolha ou ação; controlar o que faz; vigiar e inspecionar celular e computador da mulher ou seus e-mails e redes sociais; isolar de amigos e de familiares; impedir que trabalhe, estude ou saia de casa; fazer com que acredite que está louca.”
3. Violência sexual
“Qualquer ação que force a mulher a fazer, manter ou presenciar ato sexual sem que ela queira, por meio de força, ameaça ou constrangimento físico ou moral. Entre os exemplos, estão obrigar a fazer sexo com outras pessoas; forçar a ver imagens pornográficas; induzir ou obrigar o aborto, o matrimônio ou a prostituição.”
4. Violência moral
“Caracterizada por qualquer ação que desonre a mulher diante da sociedade, com mentiras ou ofensas. É também acusá-la publicamente de ter praticado crime. Os exemplos incluem xingar diante dos amigos; acusar de algo que não fez; falar coisas que não são verdadeiras sobre ela para os outros.”
5. Violência patrimonial
“Consiste em qualquer ação que envolva retirar o dinheiro conquistado pela mulher com seu próprio trabalho, assim como destruir qualquer patrimônio, bem pessoal ou instrumento profissional. Entre as ações, constam destruir material profissional para impedir que a mulher trabalhe; controlar o dinheiro gasto, obrigando-a a fazer prestação de contas, mesmo quando ela trabalhe fora; queimar, rasgar fotos ou documentos pessoais.”
De janeiro a julho de 2022, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos registrou mais de 31 mil denúncias de violência doméstica ou familiar contra as mulheres.
Eu fico me perguntando: “E quantos casos não foram denunciados?”
Através das minhas redes sociais, recebo diariamente dezenas de mensagens de mulheres que sofrem violência doméstica, mas nunca ousaram fazer uma denuncia, seja por culpa, vergonha, seja até por medo de sofrer retaliações. Esse medo é totalmente justificado. Muitos feminicídios acontecem depois de uma denúncia ou tentativa de separação. Foi o caso de uma amiga minha, que perdeu a vida, enforcada pelo marido depois de ter pedido o divórcio.
Apesar dessas tragédias, as mulheres vítimas de violência doméstica não podem desistir de procurar ajuda e denunciar seus agressores. Precisam ter muita cautela, planejar uma saída de forma estratégica, pedir apoio até encontrar uma pessoa disposta a ajudar e, se possível, buscar se proteger em lugar seguro, antes de registrar um boleto de ocorrência e pedir uma medida protetiva.
Se você está passando por isso, não desista, procure ajuda. Não fique sofrendo em silêncio. É possível se libertar. Muitas já conseguiram, acredite! Você pode.
Cuide-se, ame-se, respeite-se.