A partir da próxima quinta (06/10), você vai poder acessar o roteiro original do filme “Cabra marcado para morrer” (1984), de Eduardo Coutinho (1933-2014), em e-book, no site do Instituto Moreira Salles. Com organização e comentário do crítico e pesquisador Carlos Alberto Mattos, tudo foi digitalizado a partir de uma fotocópia do datiloscrito original, de 1964, que sobreviveu ao tempo, com anotações feitas a mão, numa letra quase indecifrável.
“Cabra” também vai ser mostrado nas salas de cinema do IMS Rio, nos dias 6 e 8 de outubro, e do IMS Paulista, nos dias 6, 8 e 14 de outubro, além de projetar dois médias-metragens de Coutinho relacionados ao filme. O acervo do cineasta está sob a guarda do IMS desde 2019, com mais de 1.200 itens, entre cadernos com anotações, decupagens de filmes, roteiros de projetos que nunca saíram do papel, objetos, correspondência e fotografias que ajudam a entender sobre sua obra. O filme seria concluído na década de 1960, mas, com a ditadura, o material ficou alguns anos na garagem do pai do cineasta, David Neves, um general do Exército. Mais tarde, foram para a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio, sob o título-disfarce de “Rosa do Campo” e, em 1981, as filmagens foram retomadas.
“O acesso ao material possibilita um exame mais detalhado das intenções esboçadas e do modelo narrativo adotado no filme, interrompido pelo golpe militar. Resumimos também um histórico do projeto, desde o engajamento de Coutinho na UNE Volante, em 1962, até a montagem final realizada por Eduardo Escorel entre 1981 e 1983. O Cabra/64 e o Cabra/84 divergem em quase tudo, mas o segundo depende fundamentalmente do primeiro para existir, já que é, ao mesmo tempo, seu resgate e contraponto”, explica Carlos Alberto Mattos.