Segundo Marshall Rosenberg, psicólogo americano, pai da Comunicação Não Violenta (CNV), temos quatro opções quando recebemos uma crítica ou acusação:
— culpar a nós mesmos;
— culpar o outro;
— escutar os nossos próprios sentimentos e necessidades (autoempatia);
— escutar os sentimentos e as necessidades do outro (empatia).
Isso significa que, teoricamente, podemos escolher como receber o que os outros dizem e fazem e ajustar a nossa reação de forma consciente. Na hora, pode parecer difícil, mas é uma questão de treino.
Podemos tomar aquilo como pessoal, agredir o outro de volta, defender-nos, contra-atacar, ou podemos voltar nossa atenção para o sentimento gerado pelo que o outro disse ou fez, e reagir de forma mais construtiva.
Essa mudança de foco evita cair nas armadilhas dos conflitos improdutivos e jogos psicológicos — provocações e tentativas de manipulação. Em algumas situações, certas pessoas podem emitir críticas ou acusações de forma intencional para nos tirar do sério e nos fazer reagir.
Culpar-se ou culpar o outro não costumam ser reações construtivas. Por exemplo:
Crítica:
— Você é muito preguiçosa!Resposta automática:
— Eu preguiçosa!? Preguiçoso é você!!! Nunca faz nada para me ajudar em casa!
Pronto! O conflito começou e vai terminar provavelmente em briga mal resolvida e afastamento de ambas as partes.
No lugar disso, que tal experimentar o poder da comunicação consciente e não violenta através de perguntas?
Crítica:
— Você é muito preguiçosa!
Resposta consciente e não violenta:
— O que você quer dizer com isso?
Pode parecer “bobo” fazer esse tipo de pergunta, mas o objetivo é fazer com que o outro seja mais específico e possa descrever o que você fez ou não fez; ou seja, transformar o julgamento em fatos concretos:
— Quero dizer que você nunca quer sair para caminhar comigo!
— Está chateado porque não gosta de caminhar sozinho e gostaria que eu fosse com você — é isso?
— É! Você sabe disso e nunca quer me acompanhar!
— Entendo a sua frustração e sua necessidade de companhia. Eu adoraria lhe fazer companhia mas, realmente, eu detesto caminhar, e meu joelho ainda está doendo. Por que não chama um amigo para ir com você?
— Porque eu queria que você fosse comigo. Queria a sua presença.
— Entendi. Mas você consegue entender que, com meu joelho doendo, eu não posso acompanhar você?
— Sim. É chato, mas entendo.
Em relacionamentos saudáveis, a demonstração de empatia por uma das partes costuma ajudar a resolver os conflitos de forma construtiva e a receber empatia de volta.
Entretanto, sabemos que alguns indivíduos possuem uma deficiência de empatia emocional. Por exemplo, pessoas com o Transtorno de Personalidade Antissocial (Psicopatia) ou Narcisista não conseguem sentir compaixão e podem criticar ou acusar com a intenção de subjugar, provocar, dominar, humilhar, diminuir e desestabilizar o outro. Nesse caso, tomar uma distância emocional e até física pode ser indicado.