O cientista político Antonio Lavareda, também presidente do conselho científico do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) — que tem feito os levantamentos eleitorais —, começa assim sua rápida análise sobre o debate entre os presidenciáveis, nessa quinta (29/09): “Imagine se a Jo Jorgensen estivesse nos debates americanos? Ela só teve 1.6% dos votos. Não faria sentido”. Lavareda cita a candidata do Partido Libertário para o cargo de presidente dos Estados Unidos nas eleições de 2020, chamando atenção do candidato padre Kelmon entre os sete debatedores, que não pontua em nenhuma pesquisa. “Ela é uma intelectual, não uma palhaça como esse padre. O circo dessa noite deve nos fazer a todos refletir sobre nossas regras eleitorais no sentido mais amplo. Elas contribuem para desinteressar a população da política. Parece premeditado”, avalia ele.
A presença do político nos debates não é uma opção das empresas organizadoras, mas por uma previsão legal da lei eleitoral, que não deixa as emissoras livres para escolher quais candidatos deveriam participar. A legislação diz que deve ser “assegurada a participação de candidatos dos partidos com representação no Congresso Nacional, de, no mínimo, cinco parlamentares”. O PTB de Kelmon tem exatamente esse número, três deputados federais e dois senadores. Pela mesma razão, Felipe d’Ávila (Novo) e Soraya Thronicke (União), que estão no 1% das intenções de voto nas pesquisas, também têm presença garantida.