A preocupação do biólogo Mario Moscatelli continua em alta com o Rock in Rio, que começa dia 2 de setembro. Não exatamente com o festival, mas com a logística que cuida do lado de fora do Parque dos Atletas, na Barra, área tranquila durante o ano inteiro, vegetação cercada pelas lagoas de Jacarepaguá e Barra.
Mario começou a campanha “Por uma lagoa melhor” em maio, inspirada no slogan do festival, “Por um mundo melhor”, tendo a sustentabilidade como um de seus pilares, pedindo que a organização não usasse fogos de artifício, que costuma ser um show à parte no Palco Mundo (este ano, o maior da história do evento, com 104 metros de frente e 30 de altura, construído com 200 toneladas de aço reciclado). “Peço de novo moderação e adequação no uso de fogos, ou seja, que não emitam ruídos, visto que meu pedido anterior não foi levado em conta”, diz ele.
E continua: “Reconheço a importância econômica do evento, mas desenvolvo um trabalho de recuperação das lagoas desde 1992. O evento fala muito do bioma amazônico, no entanto, esquece o bioma Mata Atlântica, que está todo em volta do festival. Enfim, cada um escolhe o bioma que mais lhe agrada, porém os fogos com explosões geram estresse à fauna, muitas vezes causando mortes – já fui testemunha direta em eventos anteriores. Deve ser porque as capivaras não votam nem pagam ingressos”.
Além dos fogos, Mario pede à produção que atente para o descarte correto do óleo produzido nos restaurantes, para que não vá direto para as lagoas e também que copos, embalagens e demais produtos descartáveis não sejam jogados à beira da lagoa. “Reitero: não sou contra o evento; eles até podem ter um programa ambiental. Não quero prejudicar ninguém, mas também não quero que ninguém prejudique as árvores, fauna e lagoas. É só colocar gente para moderar e monitorar, além de uma equipe para limpar a marginal, porque o ser humano é porco. Só quero ter a certeza de que eles vão prevenir para não termos que remediar”.
Sobre os fogos, a organização do RIR diz que “o processo de licenciamento da pirotecnia atende aos requisitos estabelecidos por cinco agências governamentais: Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Defae (Polícia Civil), Corpo de Bombeiros (DDGP) e Capitania dos Portos. Todos os órgãos fazem a vistoria diariamente. O evento não faz uso de fogos com estampido, conforme legislação local”.
Sobre o ecossistema: “A Rock World contrata serviços técnicos em estudo de biodiversidade para monitoramento de fauna silvestre da área conhecida como Parque Olímpico e porção do complexo lagunar de Jacarepaguá, nas fases pré-evento, evento e pós-evento, com o objetivo de garantir que nenhuma interferência resulte em danos ambientais à fauna existente, o que é comprovado por estudos realizados desde 2017.”