Em sua ronda habitual pelo ecossistema carioca, o biólogo Mario Moscatelli mostrou três lados da mesma Baía de Guanabara. Circulando pela Marina da Glória, nessa terça (19/07), ele viu várias tartarugas procurando alimento no espelho d’água, o que foi possível pelas águas incrivelmente claras até na maré baixa, uma novidade por ali, segundo ele, trabalho de anos e resultado de uma operação técnica no sistema de esgoto que a concessionária Águas do Rio vem fazendo na região — a empresa prometeu construir um cinturão de proteção para impedir o despejo de esgoto sem tratamento tendo a Baía como um dos símbolos do projeto. “O resultado vai aparecendo aos poucos. É uma pequena melhoria em alguns trechos. Como costumo dizer, não existe mágica, apenas trabalho. A conferir”, diz Mario.
Os outros dois fatores não são agradáveis para os animais marinhos: a presença de tumores nas partes moles das tartarugas, como pescoço e nadadeiras. “São consequências da histórica degradação da qualidade da água na Baía. Quando expostos a águas contaminadas, que por sua vez, contaminam seu alimento, elas desenvolvem tumores, atrapalhando o deslocamento e alimentação podendo levar à morte. Mais um triste símbolo do que décadas de delinquência ambiental explícita podem gerar em nossa fauna marinha”, explica ele.
O último é um velho conhecido de todos: o lixo. “Isso coloca em risco o principal atrativo ambiental do local, que são as tartarugas, que podem confundir lixo com comida e morrerem. Sugiro à administração da Marina colocar um barco recolhendo os resíduos, um trabalho básico para uma marina do século 21. Os visitantes e as tartarugas agradecem”, sugere o biólogo.