A abertura da exposição “Nakoada: estratégias para a arte moderna”, nessa sexta (08/07), deixou os pilotis do MAM lotados, praticamente como as festas de carnaval que acontecem ali. Quem é das artes, foi lá para ver, em primeira mão, as obras modernistas das coleções mais valiosas do museu, com curadoria de Denilson Baniwa e Beatriz Lemos. Nomes como Alberto Guignard, Alfredo Volpi, Anita Malfatti, Candido Portinari, Djanira, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, além de Cinthia Marcelle, Novíssimo Edgar, Zahy Guajajara e do coletivo Mahku (Movimento dos Artistas Huni Kuin), e uma pintura de Jaider Esbell (1979-2021), muitos deles da Semana de 22.
“Nakoada” é uma estratégia de guerra do povo Baniwa da região do Alto Rio Negro para elaborar novas possibilidades de permanência no mundo. “A ideia é entender o modernismo ainda como um marco e estudá-lo, para pensar o que vem pela frente, como podemos imaginar os próximos 100 anos”, diz Beatriz.
Chamou atenção a silhueta de uma cobra pelo salão. “A expografia toma a forma de uma serpente cósmica que não tem começo nem fim. A simbologia é recorrente na cosmovisão baniwa e em diversas culturas ocidentais e orientais. Ela digere a nossa história e carrega, dentro de seu bojo, esse tempo expandido desde antes da colonização”, tenta explicar Denilson.
Depois do discurso dos curadores e de Paulo Vieira, diretor executivo do MAM, performance do artista Novíssimo Edgar, “Sobre vínculos invisíveis”, em que usava máquinas de costura e carretéis de linha “alinhavando” o espaço no salão — o artista vai fazer outras performances durante o período da mostra, que fica em cartaz até janeiro de 2023. Como ninguém ia embora, virou festa com o som da DJ Marta Supernova, no lado exterior do MAM.